Nesta segunda parte da retrospectiva deste espaço, trazemos as melhores obras do ano no cinema e na televisão. Bem, não podemos dizer que foi um bom ano para estas plataformas. Pouca coisa digna de nota e entre essas produções de qualidade, algumas nem estrearam por aqui. Porém, é sempre divertido fazer uma lista pessoal dos melhores.
O melhor filme do ano, para mim, foi o road movie do diretor Alexander Payne, Nebraska. Com atuações fortes dos veteranos Bruce Dern e June Squibb, o filme foi filmado em preto e branco e tem uma história sensível e bem dirigida. Quem também trouxe uma história que guarda questões complexas em uma narrativa aparentemente simples é Asghar Farhadi, que trouxe para o seu O Passado muito da personalidade que marcou o ótimo A Separação.
Este 2014 também foi aquele onde os grandes diretores mostraram que ainda ditam as regras de qualidade em Hollywood. Martin Scorsese descortinou a loucura do mercado financeiro em uma trama irregular, mas visualmente espetacular e recheada de momentos antológicos com o Lobo de Wall Street. Por outro lado, os Irmãos Coen continuam sem errar no musical Inside Llewyn Davis e David Fincher sempre acerta a mão quando investe em suspenses psicológicos e temos outra grande obra com Garota Exemplar. Por fim, entre os melhores está Richard Linklater, que criou uma obra ambiciosa com Boyhood, sobre a passagem do tempo e suas marcas físicas e emocionais.
O melhor Blockbuster é, sem dúvida, Planeta dos Macacos – O Confronto, que faz jus aos antecessores. Andy Serkis merecia uma inédita indicação ao Oscar pelo trabalho de captura de movimento que faz. E a Marvel colhe os frutos que plantou no planejamento das suas adaptações dos quadrinhos com dois sucessos de público e crítica: O divertido Guardiões da Galáxia e o surpreendente Capitão América 2 – Soldado Invernal
Já em um ano ruim para o gênero de terror, o melhor veio lá da Austrália: The Babadook. A diretora estreante Jennifer Kent reinterpretou o mito do bicho papão em um filme com cara de alternativo, mas extremamente angustiante e assustador. E um austríaco, Tommy Wirkola, dirigiu a película mais retardada do ano: Zumbis na Neve 2. Isso mesmo que o título diz. Um filme de zumbi com muito humor negro e sangue escorrendo para todos os lados.
E o Brasil também continua crescendo quando o assunto é cinema. Se Hoje Eu Quero Voltar Sozinho foi injustamente ignorado pela Academia, mesmo sendo um excelente representante, tivemos outros bons exemplares que foram pouco comentados como Cão sem Dono e Boa Sorte, com a interpretação definitiva de Deborah Secco como uma portadora do vírus HIV.
Por fim, a televisão americana está cada vez mais com cara de cinema e contratou grandes astros e diretores para suas séries. O resultado é que as três melhores são a adaptação do filme Fargo (E atuações instigantes de Billy Bob Thornton e Colin Hanks) e duas séries originais perfeitas do ponto de vista do roteiro e da direção: True Detective (Matthew Mcconaughey e Woody Harrelson, espetaculares) e The Knick (dirigido por Steven Sodenbergh e estrelado por astro Clive Owen). Sem esquecer a adaptação britânica sem erros de Sherlock, que continua magistral (elementar, meus caros).