terça-feira, 11 de novembro de 2014

Nada se cria, tudo se copia

Texto para coluna #DiárioCultural do Diário do Pará publicado originalmente no caderno Você de terça-feira (11/11/2014)).



Filmes de baixo orçamento para pegar carona nas bilheterias de grandes sucessos sempre existiram. A partir da década de 1970, eles se multiplicavam pela Itália, país onde uma série de tosqueiras cinematográficas fizeram sucesso, em um tempo onde não havia internet e os lançamentos e notícias de cinema demoravam a chegar. E tem “readaptações” para todos os gostos: Desde Exterminador do Futuro (que possui uma homenagem até na Tailândia), Tubarão, ET, Star Wars (!!!), até a série de zumbis de George Romero. Ou seja, produtores picaretas pegavam diretores ruins e elencos desconhecidos, copiavam roteiros de filmes famosos e refilmavam na cara de pau, com cenas toscas e efeitos especiais bizarros. Muitas vezes, cenas inteiras dos filmes originais eram “coladas” aqui, o que torna tudo ainda mais absurdo. O resultado ia do péssimo ao divertido. Existe uma versão de Alien em italiano, chamada Contaminação Alien, que é tão idiota que chega a ser engraçada.

Algumas produtoras realmente faziam um trabalho sério com filmes B, como a inglesa Hammer, que ganhou o mundo com versões de monstros clássicos. Outras, usaram o conceito para produzir histórias trashs, mas igualmente originais, como a Troma (cujo criador é um completo maluco chamado Lloyd Kaufmann, mas que deu oportunidade para muita gente que hoje faz sucesso na indústria, como o diretor de Guardiões das Galáxias, James Gunn), sem contar as obras produzidas por Roger Corman (que foi analisado com propriedade pelo jornalista Carlos Eduardo Villaça em sua coluna no Por Aí, aqui do Diário).

Porém, no quesito de maior “homenageadora”, creio que ninguém chega perto da The Asylum. A empresa ficou conhecida pelo sucesso inesperado do péssimo Sharknado (que tem uma continuação saindo por aí), mas já há muitos anos cria coisas absurdas. A sua principal meta é aproveitar sucessos do ano, reunir um elenco de atores decadentes e pronto. Por exemplo, no ano de lançamento de Thor, eles também fizeram sua versão para pegar carona na bilheteria da Marvel. Assim, como na época de Transformers e Guerra dos Mundos, que tiveram cópias toscas lançadas para o mercado mundial. E ainda usaram de todo o cinismo necessário para fazer uma continuação para Titanic, chamada simplesmente de Titanic 2.

A Asylum também é conhecida pelos filmes de monstros e suas respectivas versões versus, como Mega Shark versus Giant Octopus (sério) e Mega Shark versus Mecha Shark, seja lá o que isso signifique. No catálogo da empresa, existem muitos filmes de zumbis, mas a julgar pelo único que vi, Eu Sou Ômega (sim, alternativa para Eu Sou a Lenda, lançada no mesmo ano do filme de Will Smith), é melhor passar longe. Ou então, a outra alternativa é reunir os amigos, a pipoca e rir bastante com o clima tosco que essas obras carregam. Claro, não tem nenhum novo Toxic Avenger aqui, mas pelo menos dá para pesquisar e levar algumas coisas como bons passatempos.

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