Todo mundo tem, não adianta negar. Podemos até tentar encontrar argumentos pra justificar, mas não vamos conseguir nem para nós mesmos. O jeito, então, é relaxar e curtir. Estou falando dos prazeres culpados do cinema. Daqueles filmes que são ruins de doer, mas que nos deixam vidrados na tela. Perdi as contas de quantas vezes escutei uma pessoa falar: “credo, esse filme de novo?”. Mas está lá, ligada. Sempre.
Acontece. Às vezes, é um detalhe que faz a diferença. O filme pode ser péssimo, ter um roteiro esburacado, atuações canastras (claro, aqui não entram os trashs, esses são assim por natureza), mas, se tem aquela música que você adora ou aquela piadinha infame que faz você gargalhar enquanto todo mundo na sala continua sério, com cara de dor de barriga, pronto. A magia do cinema está completa.
Tenho vários prazeres culpados. Admito isso sem vergonha alguma (ninguém deve ter). Vergonha seria se me limitasse a eles. Como não corro esse risco, só tenho a aproveitar. Mas uma dica: não queira impor aos outros a sua predileção. É um tiro no pé. Se começarem a falar mal do seu filme, você não terá nem como rebater, a não ser com a memória afetiva, que, nesses casos, é o mesmo que nada. Então, para evitar brigas, carregue sua culpa com você, não divida.
Levar na esportiva é o mais importante. E para demonstrar isso vou ter que me expor e revelar pelo menos um dos meus pecados cinematográficos. Não sem antes lembrá-los de que, nessa seara, todos têm telhado de vidro, portanto, nada de julgamentos. O filme em questão é reprisado uma quantidade absurda de vezes na TV por assinatura. E são raras as que eu não estaciono ali. Paro de zapear na hora: Mamma Mia!, com Meryl Streep.
Conta a história de uma garota que vai casar, mas antes quer conhecer seu pai. Acha então o diário da sua mãe e convida três possíveis “pais” para visitá-la, sendo que a narrativa é totalmente pontuada pelas músicas do Abba. Não vou explicar porque gosto do filme (batalha inglória). Simplesmente gosto. Aceitem. Mas o ponto onde quero chegar é o seguinte: pessoas cuja opinião eu respeito detonaram o musical. E o Pablo Villaça (não é parente), do Cinema em Cena, fez isso com uma criatividade espantosa, no que eu considero uma de suas melhores críticas (leia aqui: http://bit.ly/vlRXe).
Eu concordo com tudo que o Pablo escreveu, mas vou continuar vendo e me deliciando com o filme. Paciência. Não importa se “A Julie Walters aqui é uma tortura / E Colin Firth, na caricatura... / O Pierce Brosnan... / Quando canta parece que rosna!”. Pelo menos ele livrou a cara da Meryl Streep, até porque é muito difícil criticar uma atuação da atriz. Enfim, minha lista é interminável, mas não vou dividi-la com vocês. Seria um prazer pra mim, mas uma tortura para muitos. Só espero que sempre tenham essa consideração comigo também.
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