sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Papão Smurf

“Há muitos e muitos anos, no coração da floresta, havia uma vila escondida, onde moravam criaturas azuis. Chamavam-se a si mesmo de Smurfs. Eram muito bons. Mas existia também o Gargamel, o feiticeiro perverso. Ele era muito mau. A floresta ainda existe e, se vocês prestarem atenção, ouvirão os gritos do Gargamel. Mas se vocês forem bonzinhos, conseguirão dar uma olhadinha nos Smurfs”. Texto de abertura de desenho animado dos anos 80 – e hoje filme de sucesso – ou um recado para a torcida do Paysandu? Se não conseguiu ler na entrelinhas, o Bola decifra para você, leitor.
O ano era 2006. O Papão era expulso da sua “vila encantada” e disputou a Série B do Campeonato Brasileiro pela última vez. De lá para cá, sofrimento, agonia e decepção. O time não conseguiu achar o caminho de volta, que o recolocaria em posição de destaque no cenário nacional. Pela tortuosa floresta da Terceira Divisão, Salgueiro, Icasa e outros, fizeram o papel de Gargamel, numa perseguição implacável aos seres alvicelestes e muitos jogadores viraram sopa de Smurfs. O eco das derrotas ainda reverbera pelos lados da Curuzu...
Agora, mais uma tentativa. Roberto Fernandes foi contratado ainda no final do Campeonato Paraense, com a missão de formar um grupo capaz de driblar as adversidades dessa trilha sombria. Como um sábio Papai Smurf, ele tem paciência e jogo de cintura para trabalhar e entrosar a equipe, mesmo com as fortes cobranças da torcida, que deseja ver resultados imediatos para não correr risco de perder, de novo, o rastro que leva à “vila” da Série B.
E tudo parece marchar para um final feliz, bem ao estilo dos desenhos oitentistas, já que o elenco formado é da melhor qualidade, com, por exemplo, a presença do Smurf Gênio, Thiago Potiguar, ainda fora de forma, mas peça importante no time e que conta com a confiança da Fiel. Mas, caso ele não esteja apto, temos ainda o Smurf Robusto, Robinho, que entra nos jogos com uma disposição impressionante, não há bola perdida. E se não der pelas vias normais, vai na sorte mesmo, com o Smurf Desastrado, Zé Augusto, que, aos trancos e barrancos, na raça, sempre consegue ser decisivo.
Como ainda está tudo no início, ainda vamos descobrir quais são os outros smurfs do grupo, o Habilidoso, o Fominha, o Vaidoso... A torcida bicolor só espera que ninguém faça o papel de Smurfete e jogue de salto alto ou então que o Ranzinza Luiz Omar não apronte das suas mais uma vez e atrapalhe essa volta à vila escondida que é a Série B. Tão escondida que há cinco anos o Paysandu pena para achar o caminho de volta.

Texto do caderno Bola, do Diário do Pará, publicado em 09 de agosto de 2011.

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