O que é a ilha? Qual a essência do monstro da fumaça? Por que aqueles personagens foram escolhidos para estar ali? São muitas perguntas que escondem o fato de que estar “perdido”, na verdade, pode não ser tão ruim. Afinal, todos nós, em dado momento, ficamos assim, em busca de um rumo. Até mesmo os clubes de futebol. Quem sabe se num universo paralelo, o Clube do Remo não poderia assumir o papel de protagonista dessa história?
Como num clarão eletromagnético que vez por outra cai sobre a ilha (agora travestida de Belém), voltamos ao ano de 2005. Vemos a torcida azulina ter seu último instante de glória, uma esperança para dias melhores. O título da Série C poderia ser um novo e revigorante começo. Mas ali, começaram as escolhas erradas que levariam o clube ao fundo do poço. Dá vontade de avisar, mas não podemos mudar o passado. Os paradoxos temporais seriam catastróficos. Resultado: passado algum tempo, o time ficou sem competição nacional a disputar, perambulando como um fantasma pelo interior do Estado. E o que é pior, um mero coadjuvante no cenário local.
Um homem, talvez, ainda possa mudar essa história. Ele foi chamado de salvador em 2006 por ter conseguido evitar temporariamente um desastre. Ali, identificou os problemas que afligiam o clube, mas não lhe foi permitido continuar seu trabalho. Resultado, o Remo retomou o caminho ladeira abaixo. Mas, assim como a ilha não permite que os personagens cruciais fiquem fora, se desviem de seu foco, Giba voltou ao clube. É o que ele deve fazer: reerguer o clube. Esse é o seu trabalho. O Remo ainda reserva uma tarefa a ele.
Por que da primeira vez não deu certo? Assim como Jack, em “Lost”, Giba precisava fazer sua escolha. Em 2006, ele havia sido contratado do nada, foi colocado no meio daquele pandemônio, uma bagunça generalizada que ele tentou consertar. Saiu e, anos depois, voltou. Agora diz que quer ficar, apesar do recente insucesso. Mostrou calma, serenidade, entende a situação. Boa sorte a ele, que terá muitos percalços nessa jornada, afinal, os monstros da fumaça estão por todos os lugares no Baenão, frutos do egoísmo e da ganância, tentando apagar a luz que brilha no coração de cada azulino.
Se ele vai conseguir é outra história. Talvez até passe o bastão para um novo líder, um novo protetor. E é claro que isso vai acontecer. Se não agora, mais adiante. É o ciclo da vida, ninguém pode impedir. Mas, até lá, o importante é que ele cumpra sua missão e deixe o caminho pavimentado para que o clube saia fortalecido, consiga deixar o limbo e encontrar o paraíso. E se você, leitor, acha que esse texto não tem lógica, você tem razão. É uma simples brincadeira. Mas é também, pelo menos para o torcedor do Remo, uma questão de fé.
Meu texto publicado no caderno Bola, do Diário do Pará, em 25 de maio de 2010, comparando Lost e o Remo. O técnico caiu, não cumpriu sua missão e o clube continua no limbo.

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