Há duas semanas, estreou a aguardada
refilmagem de Robocop, dirigida pelo brasileiro José Padilha, e que vem
dividindo as críticas pelo mundo. Tida como uma releitura do original, a obra
do diretor de Tropa de Elite 1 e 2, adiciona novas camadas de leituras sociais
à história do policial que é transformado em máquina. Mas, o que pouca gente
sabe, é que o diretor do original é um holandês polêmico, que causou rebuliço
por um tempo em Hollywood e que ainda hoje é venerado e odiado na mesma
proporção: Paul Verhoeven.
Para se ter uma ideia de como Verhoeven é
importante para a indústria cinematográfica, além de Robocop, outro filme seu
já foi refilmado: O Vingador do Futuro (em 2011, obra fraca com Colin Farrel) e
um novo Tropa Estelares (1997) vem aí. O que os três trabalhos têm em comum,
além de serem ficções científicas famosas e cultuadas, é a assinatura do
diretor: as tramas sempre trazem algum tipo de crítica social, exageros visuais
e roteiros que beiram o deboche, mas que escapam disso justamente pelas duas
primeiras características serem tão fortes nas suas películas.
Em Robocop, por exemplo, ele questiona o
poder das multinacionais e da propaganda, além, claro, da violência urbana que
envolve o Estado, a polícia e a sociedade, em um caldeirão sempre prestes a entornar
(comparações com a situação atual do Brasil não são coincidências). O Vingador
do Futuro evoca o domínio das corporações sobre a população e o meio ambiente,
no caso aqui, o domínio sobre o ar de Marte. Já Tropas Estelares leva para o
lado do pastiche o poder da mídia e aponta o dedo para a lavagem cerebral que a
militarização pode levar, mesmo em meio a uma batalha com insetos gigantes.
Claro que não podemos deixar de citar sua
obra mais conhecida: Instinto Selvagem (1992). Campeão de Bilheteria e ainda
hoje lembrado como uma das famosas películas do cinema cult, ganhou fama e
grande bilheteria pelas tórridas cenas de sexo entre os personagens de Michael
Douglas e Sharon Stone, além da célebre sequência da cruzada de pernas
hipnotizante da atriz. A história do detetive que se envolve com a principal
suspeita de um assassinato pouco importa, não é? O diretor, obviamente, cometeu
algumas bobagens, tipo o horroroso Showgirls (que causou polêmica na época de
lançamento, em 1995, pela nudez e pela cena da Lap Dance, e ganhou diversos
Framboesas de Ouro. O próprio Verhoeven foi receber o prêmio) e o Homem sem
Sombra (thriller sem sal estrelado por Kevin Bacon baseado na obra O Homem
Invisível, que estreou em 2000).
Seu último trabalho de visibilidade foi o
elogiado suspense A Espiã, de 2006, que foi feito em seu país de origem. Mesmo
longe de Hollywood hoje, Paul Verhoeven marcou seu nome na história do cinema
pela maneira pouco convencional e polêmica que decide filmar.
(Coluna publicada no Diário do Pará de 06 de março de 2014, Caderno Você)
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