terça-feira, 30 de setembro de 2014

“Cara, eu nem sequer tenho uma opinião”

(Texto originalmente publicado na coluna #Diário Cultural do caderno Você, no Diário do Pará, dia 30/09/2014)


No dia 23 de setembro de 1994, os cinemas americanos estrearam um filme de um novato (com apenas um filme espetacular no currículo, Cães de Aluguel). No cartaz de divulgação, uma jovem Uma Thurman, deitada, fumando um cigarro e um layout inspirado em livros baratos. O novo cineasta em questão era Quentin Tarantino e a obra, a cultuada Pulp Fiction. Apesar de criar outros tantos filmes excelentes (à exceção é um segmento tolo do filme Grande Hotel), esta ainda é considerada sua obra-prima e seu ápice criativo.
Nesse caso, foi fascinação à primeira vista. Para vocês terem uma idéia do impacto que o filme causou na minha base cultural cinéfila, ele foi o tema principal do meu trabalho de conclusão de especialização em Semiótica, onde tentei estabelecer a relação entre a visualidade do cinema de Tarantino com uma estética pós-moderna (a partir do conceito de estética, como palavra derivada do grego aisthésis que significa percepção, sensação).
            E a conceituação teórica não é aleatória. Pulp Fiction traz várias características que estabelecem esta como uma obra pós-moderna: há uma tendência ao Pastiche (uma espécie de homenagens caricaturais à outras obras), a perda do referencial tempo-espaço, a crise de identidade do sujeito e a desconstrução da narrativa, super-criada pelos signos visuais, encarados como conceitos e percepções.   
            Como um apaixonado por cinema, Tarantino soube recuperar bem os traços estilísticos daqueles que seriam seus filmes e cineastas favoritos e incorporar à sua própria estética. Os traços estão por toda parte: dos clássicos Noir até os exageros no figurino e musicais dos blaxploitations (filmes policiais e de ação feitos e protagonizados por negros), sob o manto de cineastas como Sam Peckimpah, Sergio Leone, Louis Malle e Samuel Fuller.
            O roteiro, escrito à quatro mãos com Roger Avary, se abre em três histórias, que se autorelacionam, num vai e vem de flashbacks e flashforwards, e dão à violência um tom de catarse e aceitação da mesma. Tudo isso, assim como em Cães de Aluguel, com diálogos curtos e triviais (que envolvem assuntos como quarteirões com queijo, maionese na batata frita e milkshake de 20 dólares). E a edição da competente Sally Menke, deixa mais evidente essa construção de cenas sem consequência, sem causa e de reflexão difusa, tudo isso e mais a  trilha sonora  unindo Rock, Folk, Country, Blues e Surf Music (Neil Diamond, Chuck Berry  e Al Green, além do mestre supremo Ennio Morricone).  
            Com tudo isso, fica bem claro que teríamos um filme memorável (mesmo em um ano recheado de bons filmes, como o clássico Um Sonho de Liberdade e o razóavel, mas cultuado, Forrest Gump). Como sempre faz, Tarantino extrai o melhor do seu elenco e ressuscita carreiras em baixa, como Travolta e sua memorável atuação como Vincent Vega, e é especialista em criar cenas inesquecíveis, entre elas a dança no clube anos 60 e o estupro no porão, com direito a sadomasoquismo, Bruce Willis e espada ninja. O resultado: Quentin Tarantino levou a palma de ouro em Cannes, o Oscar de roteiro original e deixou uma obra que ficará para sempre no imaginário da sétima arte. 

 Para o blog, minha cena favorita: 

http://www.youtube.com/watch?v=jYID_csTvos

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Séries para você começar a gostar de séries:

(Texto originalmente publicado na coluna #Diário Cultural do Diário do Pará, caderno Você, do dia 23/09/14)

Eu gosto de fazer listas. Como ainda não tinha feito nenhuma aqui para a coluna, resolvi criar uma com um dos meus assuntos favoritos por aqui: as séries de televisao. Nesse caso, fiz um pequeno apanhado de séries já terminadas (ou seja, que tiveram suas temporadas todas exibidas), que podem ser acompanhadas em sessões múltiplas, já que são altamente viciantes, do início ao fim. 

É importante frisar que é uma lista bem pessoal daquelas obras que acompanhei inteiras ou a maioria dos episódios. A lista também não tem uma ordem de preferência. Todas são admiradas por este colunista em seu gênero específico ou qualidades próprias. 




Arquivo X – A mais famosa obra de ficção científica que popularizou o conceito de mitologia em séries e também o uso de episódios procedurais (aqui chamados como Monstros da Semana). A trama principal sobre alienígenas e conspirações do governo é ótima e as histórias soltas não ficam atrás. Tem para todos os gostos: magia negra, religião, monstros, experimentos científicos e todo tipo de bizarrice. Uma clara homenagem ao nosso próximo da lista.

The Twilight Zone – A série-mãe de todas aquelas de horror e Sci-fi. Contando com episódios curtos e fechados, a obra influenciou toda uma geração de roteiristas, produtores e diretores de cinema e televisão. É tão boa que seria praticamente impossível separar os melhores episódios. Porém, o meu favorito ainda é “Time Enough at Last”, sobre um bancário que só queria ter tempo para ler livros.

Lost – Um fenômeno de audiência e de discussões na internet, Lost encheu a tela de mistérios durante suas seis temporadas. Muita gente torce o nariz para a série por ter se perdido, literalmente, após a terceira temporada. Não é o meu caso. Se você não é do tipo que espera tudo “muito explicadinho”, embarque nesta viagem sem medo.

Monty Python’s Flying Circus- A série do grupo de humor inglês dispensa apresentações. Assista aos episódios "The Funniest Joke in the World” e “Dead Parrot” e seja feliz.

Seinfeld – Outra que é tão aclamada que não existem adjetivos positivos a usar que ainda não tenham sidos empregados para descrevê-la. É a melhor coisa sobre o nada já feita. Entre o apartamento de Jerry Seinfeld e as locações externas, muitas situações absurdamente cômicas.

Arrested Development –Anárquica, debochada e sem noção, a história de uma família completamente disfuncional te pega pelo pé e não larga mais. As referências Pop, o apelo documental e os diálogos geniais fecham  o pacote. Não há um episódio ruim em Arrested Development, que foi salva pelo Netflix sete anos depois de cancelada.

Breaking Bad – Nenhuma produção conseguiu atrair tanta curiosidade quanto esta, nos últimos anos. Talvez seja o roteiro excepcional. Ou a direção de arte. Ou o elenco (Brian Cranston, formidável). Ou as cenas de violência. Ou tudo isso. Ou alguma coisa a mais que não conseguimos explicar.

OZ – Aqui temos três exemplos da coragem da HBO em produzir séries de qualidade. A primeira se passa em um presídio de segurança máxima, onde a maldade reina. Sexo e violência em doses extremas, mas com uma trama que consegue ser envolvente, mesmo presa em paredes e grades. 


The Wire e The Sopranos – Simplesmente as duas melhores séries já produzidas. A primeira, mostra a 
investigação policial da ligação entre o tráfico de drogas e todas as estruturas de poder, sem apelar para maniqueísmos e com os dois pés fincados na realidade. Já Sopranos  é um clássico absoluto. Trilha sonora, elenco, roteiro, figurino. Não há nada fora do lugar aqui. A sensação é de um filme cult sobre a máfia assistido por episódio. Para ver saboreando todos os detalhes.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Escolhido para indicação ao Oscar: Hoje Eu Quero Voltar Sozinho

Hoje, dia 18, o Ministério da Cultura divulgou o filme escolhido para representar o Brasil como um dos possíveis indicados ao Oscar 2015 de Melhor Filme Estrangeiro: é o excelente Hoje Eu Quero Voltar Sozinho. Abaixo, o texto que publiquei sobre o fillme na minha coluna no caderno Você do DIÁRIO DO PARÁ, no dia 22 de julho:


terça-feira, 16 de setembro de 2014

Uma espiral de violência e morte


“E se você estiver certo e todos eles errados?”. A frase no cartaz que ornamenta a parede do porão de um dos personagens de Fargo exemplifica bem o tipo de motivação que os move da nova série do canal FX. Eles são limitados intelectualmente ( com uma única exceção) e levam uma vida medíocre, mas mesmo assim não medem as consequências para conseguir seus objetivos. Mas é claro que é preciso um gatilho para isso. E em meio ao ambiente congelado de duas pequenas cidades do interior dos EUA, o estopim se cria com muito sangue. Aqui o choque inicial gera uma espiral de atitudes erradas ou irresponsáveis que terminam sempre em violência.
Quando estreou em 1996, o filme Fargo, dos irmãos Joel e Ethan Cohen, chamou a atenção do público e da crítica por ser bem construído e por levar a violência desenfreada para um ambiente não acostumado com ela. A encomenda do sequestro da esposa por um infeliz vendedor vira uma comédia de erros, recheada de humor negro. A produção foi aclamada com dois Oscar: melhor roteiro para a dupla e melhor atriz para Frances Mcdormand. Antes desse, os irmãos já haviam dirigido o ótimo Gosto de Sangue e deram continuidade a essa linguagem e estética bizarras nos filmes subsequentes, todos ótimos: Barton Fink, Na Roda da Fortuna, O Grande Lebowski, E Aí, Meu Irmão, Cadê Você? e Onde os Fracos Não Têm Vez, além dos irregulares O Amor Custa Caro, Queime Depois de Ler, Bravura Indômita e Um Homem Sério.
O curioso é que a série apenas pega a premissa kafkiana dos diretores e o ambiente para contar uma nova história: dessa vez, o encontro do vendedor de seguros Lester Nygaard (Martin Freeman, ótimo) e o assassino Lorne Malvo em um hospital e um acordo de morte, termina em uma espiral de brutalidade. Depois de anos sem fazer algo que preste no cinema, Billy Bob Thornton tem aqui o papel da sua vida. Ele encarna Malvo com uma frieza e um mau humor impressionantes, e mesmo com a aparência frágil, é a encarnação do mal sempre que aparece em cena. O elenco inteiro é ótimo, com destaques para Colin Hanks e Allison Tohman, como os dois únicos policiais sensatos, apesar de medrosos, do local. 

Cada episódio possui um ritmo diferente e são bem dirigidos. As cenas da invasão de policiais em uma casa e o “percurso” de um peixe do aquário até a mesa de mafiosos são puro cinema e tem um plano sequência que acompanha, do lado de fora e pelas janelas, o ataque a um prédio é Brian de Palma em estado bruto. Destaco apenas um problema na história: todo o núcleo que envolve um dono de supermercado não acrescenta nada à história principal e termina sem resolução, apesar de ser bem divertida. Quem está atrás de uma boa série, depois do sucesso de Breaking Bad e True Detective, vai encontrar uma boa opção em Fargo.

Livro
- Na próxima quinta-feira, durante a abertura da Semana Nacional de Trânsito, no Hangar Centro de Convenções, haverá o lançamento da coletânea literária Tudo Que Não Foi, organizada pelo movimento Não Foi Acidente. A obra reúne textos de autores do país inteiro acerca dos acidentes de trânsito. Entre os escritores convidados do livro está o paraense Caco Ishak. O lançamento ocorrerá após a palestra de abertura. Prestigiem.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Possíveis indicados nacionais ao Oscar

 O Ministério da Cultura divulgou a lista de filmes brasileiros, que estrearam em 2014, inscritos para concorrer a uma vaga entre os indicados a Melhor Filme em Língua Estrangeira no Oscar 2015.São 18 filmes no total:


 - A Grande Vitória, de Stefano Capuzzi

- A Oeste do Fim do Mundo, de Paulo Nascimento

- Amazônia, de Thierry Ragobert

- Dominguinhos, de Eduardo Nazarian, Joaquim Castro e Mariana Aydar

- Entre Nós, de Paulo Morelli

- O Exercício do Caos, de Frederico Machado

- Getúlio, de João Jardim

- Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, de Daniel Ribeiro

- Jogo de Xadrez, de Luís Antônio Pereira

- Minhocas, de Paolo Conti e Arthur Nunes

- Não Pare na Pista: A Melhor História de Paulo Coelho, de Daniel Augusto

- O Homem das Multidões, de Marcelo Gomes e Cao Guimarães

- O Lobo Atrás da Porta, de Fernando Coimbra

- O Menino e o Mundo, de Alê Abreu

- O Menino no Espelho, de Guilherme Fiúza Zenha

- Praia do Futuro, de Karim Aïnouz

- Serra Pelada, de Heitor Dhalia

- Tatuagem, de Hilton Lacerda

Outros dois filmes foram inscritos: Faroeste Caboclo e A Coleção Invisível. Mas, de acordo com o Ministério da Cultura, eles não puderam concorrer por terem estreado antes da data limite estipulada pela Academia.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Parece verdade, mas não é

(Texto originalmente publicado na coluna do Diário do Pará do dia 09 de setembro de 2014 - Caderno Você)



Em 1895, os irmãos Auguste e Louis Lumière fizeram a projeção em cinema da chegada de um trem na estação. Foi o primeiro registro cinematográfico, mas também podemos dizer que ali era criado o documentário inaugural da história. Afinal era um registro em movimento da realidade.  Com o passar do século seguinte e já no início deste, os documentários ganharam em densidade e linguagem, deixando de ser um recorte do real para se tornar uma reinterpretação pessoal do enfoque documental. Mas, os diretores decidiram então que era preciso ir mais além, transcendendo a ilusão do cotidiano sob os olhos da ficção. Surgiu o Mockumentary, que nada mais é que um documentário falso, montado em uma estética metanarrativa para servir ao roteiro.  
Foi o que fez o diretor Rob Reiner com This is Spinal Tap (1984). Reiner produziu outros sucessos posteriormente, como Harry e Sally e Conta Comigo. Mas, nenhum foi tão subversivo quanto esta história de uma banda decadente de rock que busca manter o estrelato a qualquer custo. Tudo é contado como se estivéssemos diante de um arquivo documental, onde o narrador e entrevistador é o próprio Reiner. Engraçado e politicamente incorreto, é uma das melhores películas sobre música que já vi. Sasha Baron Cohen faria algo parecido com Borat (2007), onde cria um repórter louco que acaba se confrontando com muitas das hipocrisias do EUA. Essa maneira de fazer comédia inspirou também algumas séries como Derek e The Office, ambas criadas pelo humorista Ricky Gervais, e também Reno 911!, onde uma equipe de filmagem acompanha o cotidiano de um departamento de polícia cheio de loucos. 
Zelig, de Woody Allen vai mais além. A obra mescla as cenas falsas com cinejornais do início do século passado, onde a figura do personagem título se insere em uma montagem excelente. Allen dá a vida a um personagem fascinante, que é capaz de se transformar em qualquer pessoa, de qualquer nacionalidade ou cultura. Ao mesmo tempo que desnuda essa personalidade camaleônica, ele joga em tela toda a hipocrisia humana ao mudar sua natureza ao sabor do acaso.
          


  Com o terror Cannibal Holocaust, de 1980, outro subgênero de documentários fictícios, só que voltado para filmes de horror, surgiu: o Found Footage, que nada mais são que roteiros com enredos de “filmes perdidos”, encontrados por um personagem. Desde a Bruxa de Blair (Blair Witch Project, 1999), o formato ficou famoso. Dois diretores pegaram alguns atores desconhecidos, uma câmera caseira e filmaram na floresta uma história prosaica, mas que se apoiou em um murmurinho do início da internet, somada a boatos que seriam filmagens reais e, pronto. Estava criada uma nova receita para encher os cofres dos estúdios: Filmes baratos, simples, mas com gorda bilheteria garantida.   Daí, surgiram vários exemplares de filmes perdidos para todos os gostos: REC (REC, 2007), com zumbis; Cloverfield (Idem, 2008), sobre um monstro gigante; e o fenômeno Atividade Paranormal (Paranormal Activity, 2007) e suas intermináveis continuações, que continuam dando fôlego a esse tipo de filme e indicam que a febre de cinema apoiado em “filmagens caseiras” não irá passar tão cedo.

Samuel Fuller: o gênio esquecido do Cinema

(Texto originalmente publicado na coluna do Diário do Pará do dia 02 de setembro de 2014 - Caderno Você)







Este ano, quem gosta de futebol assistiu com revolta a uma série de demonstrações de racismo dentro de campo. O último caso envolveu o goleiro Aranha, chamado de “macaco” pela torcida do Grêmio. Infelizmente, o racismo não é um fenômeno localizado no Brasil. Nos EUA, as demonstrações de preconceito são tão fortes e até mais violentas e remontam há vários séculos.
No cinema, o assunto foi tema de inúmeras e importantes obras. Mas, tem uma que é tão controversa, que chegou há ficar anos nas gavetas dos estúdios: o drama Cão Branco (White Dog, 1982). A história é de um símbolismo forte e direto: Um cachorro da cor branca é condicionado a atacar só negros. Até que um treinador negro é chamado para tentar adestrá-lo. É um embate animal recheado de violência e resignação. O filme nunca chegou aos cinemas brasileiros (por aqui foi apenas exibido em uma Sessão Maldita do cine Líbero Luxardo),  mas hoje é cultuado. É um filme pequeno, mas nem por isso menor em importância: além de Fuller, o roteiro foi escrito pelo cineasta Curtis Hanson e a trilha sonora foi feita pelo mestre Ennio Morricone.
Samuel Fuller não se prende a gêneros e épocas. Seu objetivo é estabelecer uma reflexão sobre o caráter humano e chocar a audiência com temas espinhosos (como a loucura e a pedofilia). Nesse sentido, ele é bem parecido com outro “Sam”, o Peckimpah. A diferença é que, enquanto o segundo usa de violência gráfica e personalidades exageradas para isso, Fuller trabalha através de metáforas sutis, diálogos mais rebuscados e personagens mais próximos da realidade.


Em 1963, ele dirigiu meu favorito da sua filmografia: Paixões que Alucinam. Aqui um jornalista quer investigar um assassinato dentro de um hospício, mas acaba indo fundo na loucura que envolve aquele ambiente e internos. Uma poderosa e realista investigação da loucura, como posteriormente Milos Forman fez em Um Estranho no Ninho (One Flew Over the Cuckoo's Nest, 1975). São tantas imagens poderosas e explorações de um cenário claustrofóbico que é difícil pensar que Fuller seja praticamente um desconhecido do grande público. Uma história envolvente e um final triste.
No ano seguinte, o diretor criou outro retrato poderoso de uma sociedade hipócrita. Em O Beijo Amargo (Naked Kiss, 1964), a primeira cena já mostra a que veio: uma prostituta careca espanca seu cafetão e foge levando o dinheiro “que teria direito”. Durante a fuga, ela vai parar em uma pequena cidade americana e trabalha em um hospital para crianças, ao mesmo tempo que se apaixona por um herdeiro de uma fortuna. Mas o clima aparentemente calmo da cidade esconde sentimentos obscuros quando o passado volta a tona. A descoberta de um segredo perto do final do filme é surpreendente.
Nesse pequeno resumo de seus filmes, não podemos esquecer ainda do épico de guerra Agonia e Glória (The Big Red One, 1980). Provavelmente, uma das melhores películas a retratar a Segunda Guerra Mundial. A chegada dos soldados ao  campo de concentração nazista é uma cena de deixar qualquer fã de cinema em êxtase. O final do filme, com o general vivido por Lee Marvin carregando uma criança judia morta é muito atual: em tempos de massacres em guerras absurdas, o poder é inócuo quando as principais vítimas da crueldade humana são os inocentes.
Samuel Fuller é um dos maiores diretores de cinema da história. Recuperar sua obra e discutí-la é uma maneira de fazer justiça à sétima arte.

Louie - Louis CK


 (Coluna publicada no Diário do Pará de 26 de agosto de 2014, Caderno Você)

Guardiões da Galáxia: A galhofa espacial da Marvel


 (Coluna publicada no Diário do Pará de 19 de agosto de 2014, Caderno Você)

Cidade das Sombras: o irmão mais velho de Matrix


(Coluna publicada no Diário do Pará de 12 de agosto de 2014, Caderno Você)

The Normal Heart


(Coluna publicada no Diário do Pará de 05 de agosto de 2014, Caderno Você)

20 anos de Screamadelica - Primal Scream


 (Coluna publicada no Diário do Pará de 29 de julho de 2014, Caderno Você)

In The Flesh, 2ª temporada


(Coluna publicada no Diário do Pará de 08 de julho de 2014, Caderno Você)

Sérgio Leone, Clint Eastwood e Eli Wallach


 (Coluna publicada no Diário do Pará de 1º de julho  de 2014, Caderno Você)

Game of Thrones e a série que poderia ter sido



 (Coluna publicada no Diário do Pará de 17 de junho de 2014, Caderno Você)

Clássicos da Sessão da Tarde


(Coluna publicada no Diário do Pará de 10 de junho de 2014, Caderno Você)

Segunda tela e o mundo de possibilidades no seu sofá


 (Coluna publicada no Diário do Pará de 03 de junho de 2014, Caderno Você)

Dê uma revista em quadrinhos para o seu filho


 (Coluna publicada no Diário do Pará de 29 de abril de 2014, Caderno Você)

A polêmica da dublagem e a falta de opções



(Coluna publicada no Diário do Pará de 15 de abril de 2014, Caderno Você)

Sobre a 4ª temporada de The Walking Dead

 (Coluna publicada no Diário do Pará de 08 de abril de 2014, Caderno Você)

Pequenos grandes filmes




 (Coluna publicada no Diário do Pará de 25 de março de 2014, Caderno Você)

Quando a TV é mais Cinema que o Cinema

 (Coluna publicada no Diário do Pará de 11 de março de 2014, Caderno Você)

Por que o sexo ainda é tabu no cinema?

 (Coluna publicada no Diário do Pará de 18 de março de 2014, Caderno Você)

Paul Verhoeven: o holandês maldito




 Há duas semanas, estreou a aguardada refilmagem de Robocop, dirigida pelo brasileiro José Padilha, e que vem dividindo as críticas pelo mundo. Tida como uma releitura do original, a obra do diretor de Tropa de Elite 1 e 2, adiciona novas camadas de leituras sociais à história do policial que é transformado em máquina. Mas, o que pouca gente sabe, é que o diretor do original é um holandês polêmico, que causou rebuliço por um tempo em Hollywood e que ainda hoje é venerado e odiado na mesma proporção: Paul Verhoeven.

Para se ter uma ideia de como Verhoeven é importante para a indústria cinematográfica, além de Robocop, outro filme seu já foi refilmado: O Vingador do Futuro (em 2011, obra fraca com Colin Farrel) e um novo Tropa Estelares (1997) vem aí. O que os três trabalhos têm em comum, além de serem ficções científicas famosas e cultuadas, é a assinatura do diretor: as tramas sempre trazem algum tipo de crítica social, exageros visuais e roteiros que beiram o deboche, mas que escapam disso justamente pelas duas primeiras características serem tão fortes nas suas películas.
Em Robocop, por exemplo, ele questiona o poder das multinacionais e da propaganda, além, claro, da violência urbana que envolve o Estado, a polícia e a sociedade, em um caldeirão sempre prestes a entornar (comparações com a situação atual do Brasil não são coincidências). O Vingador do Futuro evoca o domínio das corporações sobre a população e o meio ambiente, no caso aqui, o domínio sobre o ar de Marte. Já Tropas Estelares leva para o lado do pastiche o poder da mídia e aponta o dedo para a lavagem cerebral que a militarização pode levar, mesmo em meio a uma batalha com insetos gigantes.
Claro que não podemos deixar de citar sua obra mais conhecida: Instinto Selvagem (1992). Campeão de Bilheteria e ainda hoje lembrado como uma das famosas películas do cinema cult, ganhou fama e grande bilheteria pelas tórridas cenas de sexo entre os personagens de Michael Douglas e Sharon Stone, além da célebre sequência da cruzada de pernas hipnotizante da atriz. A história do detetive que se envolve com a principal suspeita de um assassinato pouco importa, não é? O diretor, obviamente, cometeu algumas bobagens, tipo o horroroso Showgirls (que causou polêmica na época de lançamento, em 1995, pela nudez e pela cena da Lap Dance, e ganhou diversos Framboesas de Ouro. O próprio Verhoeven foi receber o prêmio) e o Homem sem Sombra (thriller sem sal estrelado por Kevin Bacon baseado na obra O Homem Invisível, que estreou em 2000).
Seu último trabalho de visibilidade foi o elogiado suspense A Espiã, de 2006, que foi feito em seu país de origem. Mesmo longe de Hollywood hoje, Paul Verhoeven marcou seu nome na história do cinema pela maneira pouco convencional e polêmica que decide filmar.
 

(Coluna publicada no Diário do Pará de 06 de março de 2014, Caderno Você)

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Novo blog


Este blog é uma tentativa de reviver o saudoso Radar Trash, mantendo o arquivo original, e criando conteúdos mais abrangentes sobre filmes, séries, livros, quadrinhos e música. Além, claro, de ser mais um espaço para visualização da minha coluna no jornal Diário do Pará, que é publicada sempre às terças-feiras no caderno Você. Além de publicar a coluna da semana, postaremos vídeos, notícias em outros dias.

Abraços e vamos lá....