
Nesse contexto, os garotos de Angel Beach, uma
fictícia escola de ensino médio nos Estados Unidos, usaram de toda a sua
criatividade e entusiasmo pelo sexo oposto para chocar pais, professores,
fanáticos religiosos, autoridades policiais e muitos outros, simplesmente pelo
fato de seguirem seus instintos e se entregarem à diversão e sem-vergonhice.
Essa história foi contada há trinta anos e tornou-se um clássico do cinema, a
pedra fundamental dos chamados filmes de adolescente: Porky’s – A casa do amor
e do riso.
Há tempos não o vejo (ou suas duas sequências) na
grade de programação das emissoras, mas o filme marcou época nas madrugadas,
sempre mutilado, claro, com cortes nas cenas mais quentes ou piadas mais
pesadas. Ainda bem que nunca tivemos frescura em casa e víamos tranquilamente
todo tipo de filme. Assim, eu e meu irmão tínhamos uma fita VHS com Porky’s,
Férias do Barulho (reunia Johnny Depp e muita sacanagem, ou seja, merece um
texto só pra ele em outra ocasião) e Superman IV, todos gravados do original da
locadora (era proibido fazer isso, não espalhem). Era só dar o play e morrer de
rir.
Porky’s tem momentos antológicos, tirados das
situações mais simples possíveis: uma espiada no vestiário feminino, uma ida
mal-sucedida a um prostíbulo, a promessa de uma noite inesquecível com uma
stripper de nome Virgem Eterna e até uma gargalhada contagiante do diretor da
escola após a sugestão de uma acareação entre a inspetora e as partes íntimas
de alunos suspeitos de botarem o troço pra fora. E sem contar com a pergunta
que não queria calar: “Por que chamam ela de Lassie?”. Vocês não podem deixar
de conhecer a resposta. Ah, e o “ela” se refere a Kim Cattrall, a Samantha de
Sex and the city, em início de carreira.
Um dia desses, bateu a curiosidade e fui procurar
na internet o paradeiro daquela turma. Uns já morreram (Balbricker, o diretor
Carter, Tommy Turner...), outros não seguiram na carreira artística (Wendy, que
virou instrutora de rafting) ou não tiveram nenhum outro papel de destaque. Até
porque, embora representassem jovens colegiais, nenhum ator ali estava abaixo da
casa dos trinta anos, então não podiam ser considerados promessas. Enfim, não
importa. O nome deles sempre estará ligado a Porky’s, cujas continuações
mantiveram o mesmo tom anárquico e divertido do original, entrando no rol das
grandes trilogias do cinema (mesmo que não seja reconhecido).
O criador da bagaça foi Bob Clark, que morreu em
2007. Ele fez Black Christmas, também uma pérola trash. E é dele um filme que
está no meu pendrive, na fila para assistir, cujo título havia chamado minha
atenção num site de downloads: Crianças não devem brincar com coisas mortas. Deve
ser legal, pelo menos tem cara. Depois comento sobre ele. Mas o seu grande
legado foi mesmo Porky’s. Afinal, um filme que começa com o protagonista
medindo o pênis com uma régua e anotando a sua “evolução” – ou, no caso, a sua
“involução” por falta de uso – merece todo o meu respeito.
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