quinta-feira, 14 de junho de 2012

Porky's - 30 anos


Todo mundo gosta de uma saliência. Cuidado com quem diz que não vive pensando naquilo. Puritanos, esses são os piores, pouco confiáveis. Ainda mais hoje em dia, em que o acesso a material “pornô-erótico-educativo” é facilitado pela internet. Uma olhadinha no histórico do Google Chrome pode derrubar muitas máscaras. Agora, se em 2012 existem tabus e jogo de aparências, imaginem como era na década de 1950... Os taradinhos se viravam até para conseguir uma revista de mulher seminua. Tempos difíceis para quem vivia com os hormônios à flor da pele e loucamente ansiava por qualquer tipo de experiência sexual.
Nesse contexto, os garotos de Angel Beach, uma fictícia escola de ensino médio nos Estados Unidos, usaram de toda a sua criatividade e entusiasmo pelo sexo oposto para chocar pais, professores, fanáticos religiosos, autoridades policiais e muitos outros, simplesmente pelo fato de seguirem seus instintos e se entregarem à diversão e sem-vergonhice. Essa história foi contada há trinta anos e tornou-se um clássico do cinema, a pedra fundamental dos chamados filmes de adolescente: Porky’s – A casa do amor e do riso.
Há tempos não o vejo (ou suas duas sequências) na grade de programação das emissoras, mas o filme marcou época nas madrugadas, sempre mutilado, claro, com cortes nas cenas mais quentes ou piadas mais pesadas. Ainda bem que nunca tivemos frescura em casa e víamos tranquilamente todo tipo de filme. Assim, eu e meu irmão tínhamos uma fita VHS com Porky’s, Férias do Barulho (reunia Johnny Depp e muita sacanagem, ou seja, merece um texto só pra ele em outra ocasião) e Superman IV, todos gravados do original da locadora (era proibido fazer isso, não espalhem). Era só dar o play e morrer de rir.
Porky’s tem momentos antológicos, tirados das situações mais simples possíveis: uma espiada no vestiário feminino, uma ida mal-sucedida a um prostíbulo, a promessa de uma noite inesquecível com uma stripper de nome Virgem Eterna e até uma gargalhada contagiante do diretor da escola após a sugestão de uma acareação entre a inspetora e as partes íntimas de alunos suspeitos de botarem o troço pra fora. E sem contar com a pergunta que não queria calar: “Por que chamam ela de Lassie?”. Vocês não podem deixar de conhecer a resposta. Ah, e o “ela” se refere a Kim Cattrall, a Samantha de Sex and the city, em início de carreira.
Um dia desses, bateu a curiosidade e fui procurar na internet o paradeiro daquela turma. Uns já morreram (Balbricker, o diretor Carter, Tommy Turner...), outros não seguiram na carreira artística (Wendy, que virou instrutora de rafting) ou não tiveram nenhum outro papel de destaque. Até porque, embora representassem jovens colegiais, nenhum ator ali estava abaixo da casa dos trinta anos, então não podiam ser considerados promessas. Enfim, não importa. O nome deles sempre estará ligado a Porky’s, cujas continuações mantiveram o mesmo tom anárquico e divertido do original, entrando no rol das grandes trilogias do cinema (mesmo que não seja reconhecido).
O criador da bagaça foi Bob Clark, que morreu em 2007. Ele fez Black Christmas, também uma pérola trash. E é dele um filme que está no meu pendrive, na fila para assistir, cujo título havia chamado minha atenção num site de downloads: Crianças não devem brincar com coisas mortas. Deve ser legal, pelo menos tem cara. Depois comento sobre ele. Mas o seu grande legado foi mesmo Porky’s. Afinal, um filme que começa com o protagonista medindo o pênis com uma régua e anotando a sua “evolução” – ou, no caso, a sua “involução” por falta de uso – merece todo o meu respeito.

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