Tenho mais lembranças engraçadas do que
aterrorizantes da franquia Brinquedo Assassino. Para começar, a simples ideia
de um boneco que mata as pessoas já é de um humor negro sensacional. Sempre me
perguntei porque as vítimas não davam uma bicuda no Chucky e pronto. Fora que
ele é feio pra caramba, um presente de péssimo gosto para os filhos. É mais ou
menos parecido com aquela lenda urbana - que as amigas da sua mãe juram ser
real - da adaga dentro do Fofão (outro bicho feio pra diabo). Será que quem
inventou isso não percebeu o grau de ridículo? Pra vocês verem que o antigo
comercial da TNT tinha razão: “Acontece nos filmes, acontece na vida”.
Outro detalhe que lembro bem, e que é motivo de
riso até hoje, era o pavor que o Marcos, meu primo, tinha do personagem. Era o
pé que eu e o Cesar, outro primo, queríamos pra sacanear (e eu descontar a
encarnação que sofria por ter medo de IT). Havia, inclusive, uma cena clássica
que toda vez imitávamos: Chucky de cabeça baixa, levantando gradualmente e
mandando um cotoco para o pobre do Andy, a quem vivia perseguindo. Impossível
não rir. E um detalhe: isso acontecia na Parte II da franquia, quando ela ainda
se levava a sério dentro do gênero de horror.
Sim, embora a premissa seja difícil de engolir,
como já expliquei lá em cima, a proposta inicial da série era incutir medo. A
começar pelo nome verdadeiro de Chucky, Charles Lee Ray, uma “homenagem” aos
famosos assassinos Charles Manson, Lee Harvey Oswald e James Earl Ray. A trama
também incluía ritos de magia negra que causavam arrepios. O humor de
determinadas situações, portanto, era totalmente involuntário – e por isso
mesmo funcionava, havia um equilíbrio bacana entre tensão e alívio.
Até o terceiro longa essa regra perdurou, o
problema é que o filme foi uma bomba, muito ruim. Isso abriu caminho alguns
anos depois para um renascimento do brinquedo assassino, que abraçou pra valer
o terrir, em “A Noiva de Chucky”. E deu certo, é claro. Juntou uma ideia
absurda com um roteiro que explorava de forma satisfatória todas as
possibilidades, criando, de fato, uma comédia (sangrenta). Objetivo alcançado.
Já o filme seguinte, “O Filho de Chucky”... Eu não
vou dizer que é ruim. Isso seria uma afronta aos filmes ruins. O pior é que a
ideia, no geral, não era má, sendo baseada em Glen ou Glenda?, clássico de Ed
Wood. Mas a execução foi terrível, no mau sentido. Nem comédia, nem terror.
Enterrou a franquia. Chucky ficou sem dar as caras desde então. Logo ele, que
foi baleado, esfaqueado, queimado, despedaçado, triturado... Morto pela caneta
e direção descalibrada de Don Mancini, criador do personagem. Ele assinou todos
os filmes e dirigiu apenas o último. Melhor ter ficado só como roteirista.
Mas, ao que parece, Don Mancini vai fazer uma nova
tentativa. Um novo capítulo vem aí e a promessa é de resgate às suas raízes de
terror. Em “A Maldição de Chucky”, o boneco começa a infernizar uma família
reunida para um funeral. Dias depois, a jovem filha da falecida, paraplégica,
precisa lidar com sua irmã, cunhado e sobrinha, enquanto corpos começam a
aparecer... O filme será rodado a partir de setembro e deve sair direto em DVD,
infelizmente. Não vi nenhum exemplar no cinema e acho que seria bem divertido.
Trailers dos cinco filmes:
2 comentários:
Bem, se levar a palavra trash ao pé da letra, aqui não tem nada... O conteúdo é ótimo e a produção dos textos é impecável. Meus parabéns à equipe!
Tô seguindo. Um grande abraço!!!
Antonio, Obrigado pelos elogios. Esperamos sempre corresponder às expectativas. :).
Abraços,
Fábio Nóvoa
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