Joe Johnston é um veterano no Cinema. Dirigiu alguns filmes famosos como Querida, Encolhi as Crianças e Jumanji. Jon Favreau começou como ator e depois decidiu ir para trás das câmeras e fez relativo sucesso com Zathura e Um Duende em Nova York. Kenneth Branagh é um premiado ator inglês, que conduziu para a tela grande várias adaptações de Shakespeare e também películas cultuadas como Frankenstein e Para o Resto de Nossas Vidas.
O que os três têm em comum? São os diretores das três últimas adaptações de quadrinhos da Marvel que cronologicamente preparam o terreno no Cinema para a grande reunião de Os Vingadores: Capitão América, Homem de Ferro 1 e 2 e Thor, respectivamente. O que eles fazem é, basicamente, preparar a bola para Joss Whedon fazer o gol. No caso, apresentar a esperada reunião da equipe de heróis da Marvel.
Whedon conhece o terreno onde pisa. Foi ele quem escreveu uma das mais famosas e divertidas fases dos X-Men (Astonishing X-Men). Ele também é o criador da cultuada série Firefly. Mas, pode ser considerado um novato no cinema. Afinal só dirigiu um longa-metragem, o divertido e subestimado Serenity (por sua vez uma história derivada de Firefly, que encerrou a série precocemente cancelada).
E a expectativa negativa que rondava o novo diretor, felizmente, não se concretizou. Joss roteirizou uma aventura divertida e intensa, que deve divertir fãs e iniciados em quadrinhos. Todas as referências conhecidas das HQs estão ali. O filme tem falhas? Sim, várias. O roteiro tem buracos. As mudanças da personalidade do Hulk são inexplicáveis. Não sabemos o quê exatamente os invasores querem. A motivação de Loki é ingênua, com aquele datado objetivo de “dominar o mundo”. E as tentativas de parecer emocionante descambam para a pieguice em alguns momentos e algumas conversas soam arrastadas demais.
Os fanáticos pela arte seqüencial vão se deleitar. Desde as referências óbvias aos quadrinhos, nas frases e imagens soltas pela trama, até a maneira dinâmica que Whedon a conduz. Sem contar a aguardada cena extra pós-credito, que traz um velho conhecido do grupo pronto para entrar na batalha e encher os cofres da produtora de cinema com a sequência da aventura.
O filme funciona exatamente por respeitar e homenagear toda aquela inocência pueril que marcou a Era de Prata dos Quadrinhos (basicamente marcada entre as décadas de 1960 e 1980). Época imortalizada pelo crescimento das Majors DC e Marvel - que rivalizaram para saber que pode mais: Os Vingadores ou a Liga da Justiça. Período que odiosos vilões espaciais queriam dominar o mundo e a imaginação da molecada da época.
São eles que têm que livrar a cara do mundo diante da presença de Loki e seu exército de marcianos com caras de lagarto. E só. Esse fiapo de roteiro que conduz a trama por um condutor eletrizante e que só deixa o espectador parar para respirar nos diálogos insossos, mas que são combatidos com as tiradas divertidas e absurdamente pop de Robert Downey Jr como Tony Stark, que aliás rouba as principais cenas para si.
E cada frame da película é respeitoso com o material original. Thor tem a postura e a presunção de uma divindade. Capitão América é o líder nato, apesar de deslocado no tempo. Gavião Arqueiro é veloz e certeiro. Homem de Ferro continua o boquirroto e inteligente cientista. E a Viúva Negra é sexy e perigosa. E o Hulk? Bem o Hulk realmente esmaga, como sempre fez.
Os Vingadores é mais que um filme baseado em Hqs. É uma HQ em forma de filme. (Originalmente publicada no jornal Diário do Pará. Edição de 10/05/2012)
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