terça-feira, 19 de junho de 2012

O Espião que Sabia Demais - 2012 (Tinker, Tailor, Soldier, Spy)




Um filme de espião sem cenas de ação, mortes violentas e engenhocas tecnológicas? Bem, meu caro, diferente dos filmes de James Bond, as histórias do agente George Smiley são carregadas de intrigas e stress. A realidade de um agente secreto é dura e cansativa e isso reflete na cara, nas roupas e na fotografia do novo filme do sueco Thomas Alfredson (diretor do também excelente Deixa Ela Entrar), baseado no livro de John  Le Carré.

Com um elenco brilhante nas mãos, Alfredson recria com precisão a aura burocrática e desleal que predominava na Guerra Fria, quando capitalismo e comunismo brigavam pela soberania armamentista e política, com os dois lados usando de todos os artifícios para combater o inimigo. Afinal, o lado errado é sempre o outro. Nesse caso, as armas são o núcleo de inteligência americano diante da ameaça russa. E quando um agente é ferido durante uma operação, as intenções de um traidor vêm a tona e todos naquele cinzento escritório são suspeitos. Cabe a Smiley descobrir a verdade, em um complexo jogo de papéis, máquinas ultrapassadas e burocratas a serviço dos próprios interesses.

Com uma narrativa elíptica, a trama se desenvolve devagar, dando margem à complexa estrutura de imagens que o diretor toma para sua responsabilidade (com destaque para o sobe e desce dos elevadores para a papelada da agência). Se há tensão, ela está nas relações perigosas entre os pares e não na artificialidade de efeitos sonoros e especiais. A vida refletida em um simbólico jogo de xadrez. A intenção é que a situação se torne cansativa não apenas para os protagonistas (refletida nos olhos e rugas e nos ombros pesados do personagem principal), mas para quem assiste. Daí a sensação de angústia que se sai do cinema durante os créditos finais.

O que torna O Espião que Sabia Demais o melhor filme do ano até agora é o preciosismo dos detalhes. E as dúvidas que sempre ficam no final.

Uma crítica bem detalhada do filme é feita pelo Crítico Pablo Villaça, do Cinema em Cena, que pode ser conferida no link abaixo:

Nenhum comentário: