O filme La La Land – Cantando Estações (2016) seria o respiro otimista que precisamos, em tempos de pessimismo generalizado no mundo? A pergunta, um tanto retórica, pode ter orbitado a mente dos votantes do Oscar, que deram 14 indicações ao filme. A expectativa é que a obra de Damien Chazelle abocanhe boa parte das estatuetas na cerimônia do próximo dia 26 de fevereiro.
E não sem razão. Apesar do seu filme anterior, Whiplash, ser um tanto superestimado, já tinha qualidades que Damien Chazelle trouxe para seu musical. O ritmo frenético e a música como plataforma dramática são algumas delas. Porém, dessa vez, o diretor foi buscar referências de muitas décadas atrás. Ele abusa da sessão nostalgia, desde a fonte usada no nome do filme, até o desfile de imagens de letreiros pela tela, para indicar passagem de tempo.
Chazelle consegue recuperar a inocência e o glamour da Hollywood. Para isso, ele se esbalda das referências cinematográficas, sendo a mais “descarada” a de praticamente copiar cenas de Cantando na Chuva, o clássico absoluto de Gene Kelly, filmado em 1952. Nessa época, os filmes tinham um estado de fantasia que durou até a década de 1970.
Tecnicamente, o filme é impecável. Da cenografia aos movimentos de câmera, há um completo e necessário domínio da mise en scene e dos longos e coreografados planos sequências que o musical exige, além de Chazelle e sua equipe trabalharem perfeitamente com luz, sombras e profundidade de campo. A cena inicial, no meio do trânsito de Los Angeles, desde já, entra para o panteão das grandes passagens da história do cinema.
Emma Stone também tem um rosto belo e marcante, como as estrelas dos musicais antigos. Seus imensos olhos tomam conta da tela quando ela está em cena. É a Ginger Rogers do novo século. O visual do filme é colorido ao extremo. Um arco-íris de sensações que casa inabalavelmente com as melodias agridoces e otimistas das canções. Ryan Gosling tem o porte e um ar de deboche típico dos galãs da era de ouro, como Clark Gable. A dupla está bem à vontade nos números musicais e tem um entrosamento invejável em cena.
O grande barato de La La Land é como nos sentimos envolvimentos com o clima, como se estivéssemos em uma sala de cinema antiga, abismados com a explosão de cores possíveis, a partir da Technicolor (empresa que dominou a tecnologia de criar cores para o cinema). Aqui, a ingenuidade é fria e calculada para agradar a nova audiência. A temporada de prêmios mostra que, sim, agradou.
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