quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Ser ou não ser Star Wars?. Eis a questão



Rogue One não é um filme de Star Wars. Mas é um dos mais Star Wars da franquia. Explico. Rogue não tem o tradicional letreiro de abertura contando a história. Não possui o título na fonte conhecida e nem a tradicional contagem em números romanos. E nem tem a trilha do John Williams (quem assume a batuta musical é Michael Giacchino). Por outro lado, recupera alguns elementos perdidos dos filmes originais e traz diversas homenagens, que funcionam e emocionam, na maioria das vezes.
O enredo da produção materializa um fato apenas citado em Uma Nova Esperança: o roubo dos planos de construção da Estrela da Morte pela Aliança Rebelde, que ajuda a destruir a arma e os planos do Império galáctico, comandado por Darth Vader. O grupo de assalto é liderado pela rebelde Jyn Erso (Felicity Jones, pouco expressiva), filha do engenheiro-chefe da Estrela, Galen (O veterano Mads Mikelssen).
O mais interessante do roteiro é dar camadas mais sombrias às motivações dos personagens. Cassian (Diego Luna) é o arquétipo de um herói trágico e Saw Gerrera (Forest Whitaker, ótimo) faz um terrorista fanático que se afastou da causa rebelde e defende ações mais violentas contra o poder vigente. Outro fato interessante é trazer de voltas as referências aos westerns, que tinham sido deixadas de lado nas produções recentes. E ainda adiciona elementos de filmes Wuxia (obras chinesas de ação e fantasia) e de ação. Aliás, as sequências mais agitadas são muito bem dirigidas por Gareth Edwards (do ótimo Monsters e do ruim Godzilla). Edwards explora bem os cenários paradisíacos, a distribuição dos personagens na tela e em profundidade de campo.
E como não poderia deixar de ser, há muitas homenagens à mitologia da série, seja com participações especiais (algumas, digamos, robóticas), músicas e no design de produção (como a reprodução de um ambiente de fazenda que havia no Episódio IV e o planeta onde Anakin é derrotado após a batalha com Obi-Wan Kenobi). Nem os odiados Episódios I, II e III são esquecidos e há uma ligação clara de um personagem com a trama bizarra montada por George Lucas naquela trilogia.
Apenas duas coisas me incomodaram aqui: as motivações do vilão principal Krennic (vivido pelo ótimo Bem Mendelsohn) não são muito claras e o esperado embate final dele com Jyn é decepcionante. Outro problema é o CGI usado para recriar o rosto de dois personagens clássicos da franquia. Não ficaram bons e deixam uma sensação de quem são emborrachados, distraindo dos diálogos. De resto, é um legítimo Star Wars, mesmo não sendo. Vida longa à Força.

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