Capitão América – Guerra Civil é a adaptação de história em quadrinhos menos adaptada da história do Cinema. E isso é muito bom para o filme. Eu explico. A essência da película é o conflito entre o herói do título e o Homem de Ferro, exatamente como na saga que leva o mesmo nome nas HQs. Mas não é só. O trabalho dos irmãos Joe e Anthony Russo consegue ser bem fiel a esse enredo, apesar de ter menos heróis que o original, o que é justificável em se tratando de um filme de 2h30. Mas Guerra Civil é uma grande homenagem à arte sequencial. Se você, desde criança, se encanta com uma banca de revistas e já foi ver a produção, sabe do que estou falando.
Como não se arrepiar e se lembrar dos pioneiros Joe Simon, Jack Kirby, John Byrne e Stan Lee?. Aquela ingenuidade legítima das histórias, que também abriam espaço para abordar temas sérios, como o preconceito, mortes e traições?. Assuntos que Alan Moore potencializou em Watchmen, já na década de 1980. Nesse ponto o roteiro é quase impecável. Todas as ações, diálogos e cenários têm razão de ser e funcionam perfeitamente no contexto da cronologia estabelecida pela Marvel, com sucesso, no cinema. A narrativa é fluida e eficaz.
As atuações, figurinos e design de produção acendem um brilho nos olhos dos aficionados. Todas as cenas, principalmente nos embates, são milimetricamente pensadas como grandes páginas de HQ. Um sorriso atravessou meu rosto ao ver a aparição, digamos, gigantesca de um novo/velho personagem, que não aparece nos trailers, mas que os Russos deixaram como cereja no bolo do embate da já icônica cena do aeroporto. É tudo que a gente esperava em um filme da Marvel: herói contra herói, frente a frente. É uma página dupla do George Perez em movimento. Provavelmente, os minutos mais divertidos do Universo da editora. Já no final do filme, ocorre uma reprodução literal da última capa da Guerra nos quadrinhos.
E não podemos deixar de citar a entrada do Homem-Aranha. É uma adição bem-vinda ao cânone oficial da empresa na tela grande. O “cabeça-de-teia” é jovem, boquirroto e bem poderoso. E o uniforme é uma homenagem ao Aranha clássico, de Steve Ditko, e que mesmo revitalizado para os tempos modernos, não perdeu o seu charme de adolescente na pindaíba, que luta irresponsavelmente. O elenco é estrelado, com grandes atores, alguns até fazendo quase pontas, como Marisa Tomei. Mas é Chris Evans e Robert Downey Jr, os protagonistas, que se destacam, pelo tempo em cena e pela carga dramática alta.
E assim o universo Marvel se estabelece no cinema e promete muito nos próximos anos. Os diretores já anunciaram que Vingadores 3 será maior e mais intenso, já que será dividido em duas produções. Mal posso esperar por isso.
Um comentário:
Que venha Doutor Estranho.
Postar um comentário