Rogue One
não é um filme de Star Wars. Mas é um dos mais Star Wars da franquia. Explico. Rogue
não tem o tradicional letreiro de abertura contando a história. Não possui o
título na fonte conhecida e nem a tradicional contagem em números romanos. E
nem tem a trilha do John Williams (quem assume a batuta musical é Michael
Giacchino). Por outro lado, recupera alguns elementos perdidos dos filmes
originais e traz diversas homenagens, que funcionam e emocionam, na maioria das
vezes.
O enredo
da produção materializa um fato apenas citado em Uma Nova Esperança: o roubo
dos planos de construção da Estrela da Morte pela Aliança Rebelde, que ajuda a
destruir a arma e os planos do Império galáctico, comandado por Darth Vader. O
grupo de assalto é liderado pela rebelde Jyn Erso (Felicity Jones, pouco
expressiva), filha do engenheiro-chefe da Estrela, Galen (O veterano Mads
Mikelssen).
O mais
interessante do roteiro é dar camadas mais sombrias às motivações dos
personagens. Cassian (Diego Luna) é o arquétipo de um herói trágico e Saw
Gerrera (Forest Whitaker, ótimo) faz um terrorista fanático que se afastou da
causa rebelde e defende ações mais violentas contra o poder vigente. Outro fato
interessante é trazer de voltas as referências aos westerns, que tinham sido
deixadas de lado nas produções recentes. E ainda adiciona elementos de filmes
Wuxia (obras chinesas de ação e fantasia) e de ação. Aliás, as sequências mais
agitadas são muito bem dirigidas por Gareth Edwards (do ótimo Monsters e do ruim
Godzilla). Edwards explora bem os cenários paradisíacos, a distribuição dos
personagens na tela e em profundidade de campo.
E como
não poderia deixar de ser, há muitas homenagens à mitologia da série, seja com
participações especiais (algumas, digamos, robóticas), músicas e no design de
produção (como a reprodução de um ambiente de fazenda que havia no Episódio IV
e o planeta onde Anakin é derrotado após a batalha com Obi-Wan Kenobi). Nem os odiados
Episódios I, II e III são esquecidos e há uma ligação clara de um personagem
com a trama bizarra montada por George Lucas naquela trilogia.
Apenas
duas coisas me incomodaram aqui: as motivações do vilão principal Krennic
(vivido pelo ótimo Bem Mendelsohn) não são muito claras e o esperado embate
final dele com Jyn é decepcionante. Outro problema é o CGI usado para recriar o
rosto de dois personagens clássicos da franquia. Não ficaram bons e deixam uma
sensação de quem são emborrachados, distraindo dos diálogos. De resto, é um
legítimo Star Wars, mesmo não sendo. Vida longa à Força.