segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Um novo Star Wars para a nova geração



Há duas maneiras de se apreciar Star Wars – O Despertar da Força. Ambas são a “força” do filme, mas também seu “lado negro”. Quem já é familiarizado com o cânone da saga, vai adorar ver como J.J. Abrams é 100% fiel ao estilo de George Lucas nos filmes originais. Mas também irá perceber que essa mesma reverência é o elo fraco dessa reconstrução: A história lembra demais Uma Nova Esperança, até na distribuição dos arquétipos pela narrativa. Abrams não se pauta pela novidade, mas pela reconstrução semiótica do que já é consagrado.
Não é a toa que o diretor também escreve a obra junto ao veterano Lawrence Kasdan, responsável pelos dois melhores filmes da trilogia original (O Império Contra-Ataca e o Retorno do Jedi). Outro grande mérito aqui é praticamente esquecer a segunda trilogia de Lucas (A Ameaça Fantasma, O Ataque dos Clones e a Vingança dos Siths). Nada daqueles exageros de cores, efeitos visuais forçados e diálogos ruins.
Claro que há aqueles que nunca viram nenhuma película ou não sabem nada da mitologia. Este irão adorar o clima de sci-fi antigo e quadrinhos. Há fantasia, ação, suspense, romance e comédia. Tudo bem equilibrado pelo roteiro, sem excessos. A reapresentação dos personagens já conhecidos é equilibrada. O maior defeito, aqui, também é o respeito ao material original, que pode deixar o espectador boiando em alguns momentos ou não entendendo referências (há algumas boas, fora da saga, como Apocalipse Now).
Os principais méritos estão, é claro, na parte técnica e no elenco. É um filme bonito, bem fotografado, com um design de produção fantástico e efeitos visuais mais práticos,  com um bem vindo retorno ao original, com cenários reais e personagens animatrônicos, deixando o CGI apenas para as cenas espaciais ou de naves. O design de som é maravilhoso e Bem Burtt prova que é o mestre em dar personalidades para robôs só com sons eletrônicos.
Quanto aos atores, Daisy Ridler e John Boyega são gratas surpresas. A primeira consegue transformar a protagonista Rey em uma personagem forte e decidida, mesmo em um ambiente hostil. Já Boyega é Finn, um humano medroso e engraçado, mas sem exageros. Oscar Issacs também é destaque com o corajoso piloto Poe Dameron. Uma mulher, um negro e um latino como protagonista são algumas das escolhas acertadas de J.J, que não dá escala de importância para o elenco por etnia ou gênero. Pensem na importância disso ao imaginar a cabeça de uma criança ao ver seus heróis imaginados dentro de sua própria representação social. E tem uma participação especial de Max Von Sydow, que dispensa comentários.
E não posso deixar de terminar esse texto sem falar dos nossos “amigos” de outras décadas: Han Solo, Leia e Luke Skywalker são importantes para a nova trama e um deleite para os fãs quando aparecem. É fácil abrir um sorriso quando Harrison Ford, Carrie Fisher e Mark Hamill aparecem em momentos diferentes e belas cenas. Se você é um fanático por essa batalha nas estrelas, prepare o lenço que há algumas bem emocionantes. Quem venha os próximos episódios e seus derivados. E que força esteja no nosso bolso para dar conta disso.

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