Quando Star Wars – O Despertar da Força estrear nesta
quinta-feira, 17 de dezembro, milhares de pessoas já terão comprado seus ingressos
antecipados, tornando o 7º filme da mitologia um fenômeno de bilheteria
antecipado. E basta uma volta pelas ruas, para ver a convulsão cultural
provocada pela franquia em todo o mundo. Em toda a parte, há algum produto
sendo vendido com elementos da valiosa marca, com autorização da marca ou não:
de shampoos infantis a canecas de cerveja. E a Lucas Films, produtora que
gerencia os produtos SW criada por George Lucas, arrecadou, arrecada e
arrecadará bilhões de dólares com licenciamentos, séries, jogos (alguns
excelentes) hqs e livros.
Todo esse hype se justifica por méritos do próprio diretor,
um visionário. Você pode discutir a qualidade intelectual do produto, mas não o
senso de oportunidade de Lucas. Em uma década onde o cinema primava pelo realismo
na direção e roteiros e diretores do nível de Francis Ford Coppola, Martin
Scorsese e Sam Peckimpah dominavam as premiações e corações dos cinéfilos,
havia um rapaz franzino e barbudo que preferiu explorar outras frentes, com a
ficção científica experimental (o razoável THX-1138, 1971) e a comédia juvenil
(Loucuras de Verão – American Graffiti), seu primeiro sucesso, lançado em 1973.
Mas, o maior
arrasa-quarteirão do cinema chegou às salas de cinema 4 anos depois: Star Wars – Uma Nova Esperança
era um sci-fi barato e inocente, apesar da estética suja do deserto. Trazendo
inovações do campo dos efeitos especiais, o filme chamou a atenção
principalmente por resgatar a magia dos seriados americanos que precediam os
filmes nas décadas de 1950 e 1960 (Perdidos no Espaço e Flash Gordon, por
exemplo), adicionando elementos de Film Noir e Westerns. Tudo cercado por uma
ingenuidade típica das histórias em quadrinhos da era de ouro das hqs, quando o
maniqueísmo entre vilões e heróis era bem construído em caráter e figurino. Por
isso os heróis são “cavaleiros” e os vilões são seres obscuros e apavorantes.
O único senão dessa história é algo que Coppola lamentou em
entrevista há alguns dias: Lucas, infelizmente ficou preso no labirinto da sua
própria criação, como um Frankenstein moderno admirado e assustado com a
proporção que o seu monstro, no caso o seu filme, adquiriu. Uma pena, pois ele
poderia ter contribuído muito mais para o cinema de autor. Mesmo assim, deixou
sua marca produzindo e roteirizando grandes produções como a série Indiana
Jones. E a Disney tenta, agora, desvincular a saga do seu criador, dando uma
nova chance para o novo midas de Hollywood, J.J. Abrams. Vamos ver se Abrams
fará jus ao cara que deu luz ao maior ícone do cinema Blockbuster: o vilão Darth
Vader. A conferir, afinal, o ingresso já
está comprado há algumas semanas.
Um comentário:
George Lucas só deu uma contribuição ao cinema de autor: produziu o belíssimo filme de seu amigo Paul Schrader, "Mishima, uma vida em quatro capítulos". De resto, está totalmente certo o Coppola. O livro "Easy Riders, Raging Bulls", aliás, conta que Lucas e Spielber, apesar de andarem com os doidões (Coppola, Scorcese, etc), eram os caretas da turma.
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