segunda-feira, 4 de maio de 2015

Vale quanto pesa



(Texto originalmente publicado na coluna Diário Cultural, do Diário do Pará de 040515)

Em pouco menos de duas semanas no cinema, Vingadores 2 caminha fácil para se tornar o blockbuster do ano. Todas as sessões estão praticamente lotadas, em qualquer parte do mundo onde estreou.  Sua única ameaça, talvez, venha em dezembro, quando os sabres de luz forem empunhados novamente. Felizmente, a produção faz jus a todo o burburinho criado em todo dela. É grande - imenso até -  e apropriado para a tela grande. Os efeitos especiais são ótimos e o elenco é númeroso e respeitável.
Mas, por muito pouco, Joss Whedon não escorregou nas próprias ambições. O grande problema desta sequência é justamente a necessidade de ser mais grandioso que o primeiro filme, abusando de batalhas espetaculares e deixando a construção da história e dos personagens um pouco de lado.  Isso pode ser um gargalo para a Marvel no planejamento dos seus próximos passos no cinema, pois não sabemos o limite para tantas explosões e batalhas titânicas.
Um pouco de suspense ajuda, como mostrou Capitão América 2, que soube dosar as cenas de ação com a tensão do momento. E claro, os conflitos e diálogos entre os heróis, que são bem mais interessantes para dar humanidade às adaptações. Creio que Whedon e a produtora Marvel já tenham percebido isso e passaram o bastão das duas partes de Guerra Infinita para os irmãos Joe e Anthony Russo, justamente a dupla responsável pela continuação da aventura do herói da Segunda Guerra.
De resto, o filme consegue satisfazer todas as expectativas. Afinal, é sempre bom ver os heróis da infância lutando e fazendo poses juntos, como uma página dupla de uma HQ do George Pérez. Com um começo pré-créditos da abertura já movimentado, o jogo praticamente é vencido por 7 a 1. E o roteiro consegue abarcar a mitologia construída nos outros filmes (já são 11) e séries, sustentando sua própria narrativa transmídia. Curioso ainda que a produtora se utilize sempre dos objetos cênicos presentes nos outros filmes, que são reaproveitados em prol dessa história maior, como o Cedro de Loki, o cubo cósmico e a fonte de energia no peito do Tony Stark.
Há novamente espaços para as piadas e referências aos quadrinhos. E os atores, como já dito, estão muito à vontade nos uniformes e empunhando suas armas. O Homem de Ferro está em conflito da natureza das suas criações e o Capitão América mantém sua honra intacta em prol da liberdade. O Hulk aprimora seus conflitos de Jekyll e Hyde. A Viúva Negra revisita o seu passado traumático e mostra porque é a minha personagem favorita chutando bundas de soldados da Hydra.
Mas é Ultron que domina cada quadro – ou melhor, cada byte – em que aparece. Cínico, dissimulado, idealista do mal. É muito mais que um androide. É o vilão perfeito. Inteligente e sem ressentimentos. Ponto para a voz e captura de movimento de James Spader. É a escada completa para o que Thanos poderá ser como antagonista, em uma escala maior, universal, com dezenas de super-heróis da carta de opções da Marvel. E que venham mais histórias da Miss Marvel, Homem Formiga, Pantera Negra, Inumanos, Homem Aranha, Demolidor, etc. A velha criançada agradece.

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