segunda-feira, 18 de maio de 2015

As mulheres e seu papel no cinema


(Texto originalmente publicado na coluna Diário Cultural, do Diário do Pará, caderno Você, edição de 18/05/2015)

Por incrível que pareça, existe uma associação nos EUA “em defesa dos homens”, onde ativistas estão tentando promover um boicote contra o filme “Mad Max: Estrada da Fúria”. Eles reclamam que a produção é “feminista demais”, por causa da importância da personagem de Charlize Theron para a trama. Será que George Miller esperava essa repercussão do seu trabalho 36 anos após apresentar ao mundo a primeira aventura de Max em um mundo pós-apocalíptico?
O estranho mesmo é a polêmica aparecer assim, em meio a tantas transformações sociais e conquistas das mulheres no combate ao machismo e à misoginia. Apesar do cinema ainda ser um território essencialmente machista, devido em parte à predominância de executivos, produtores, roteirista e diretores homens, essa realidade vem mudando bastante. Existe até um conceito chamado Teste de Bechdel, criado pela cartunista norte-americana Alison Bechdel, que estabelece critérios sobre participação feminina no cinema, como se a produção tem no mínimo duas mulheres como personagens creditadas, que haja diálogos entre elas e que esses diálogos não se resumam a falar sobre homens.
Bem, uma das primeiras películas de ação que consigo lembrar a passar no teste é a franquia “Alien”. Por trás da história de sobrevivência da tenente Ripley, existe uma simbologia sobre luta feminina entre a personagem principal durona e a alienígena-mãe. Se repararmos bem, há ainda um boom de bilheterias em franquias protagonizadas por elas, como a série “Insurgente” e, principalmente, o megassucesso “Jogos Vorazes”. São personagens jovens e decididas, assim como a mocinha de “Lucy”, a volta de Luc Besson aos cinemas com um sucesso inquestionável estrelado por Scarlett Johansson.
Johansson também foi parte de um questionamento importante sobre o papel feminino na cronologia da Marvel, já que a Viúva Negra é praticamente a única heroína da mitologia e mesmo assim foi excluída das linhas de produtos oficiais licenciados, assim como foi motivo de piadas sem graça de Jeremy Renner e Chris Evans sobre a sexualidade dela, já que se envolve com vários personagens da trama. Miss Marvel e Jéssica Jones vêm aí para que a empresa tente inverter as críticas justificadas sobre o tema.
No fim das contas, quem deixa de ir ao cinema ou de acompanhar uma história por causa do protagonismo feminino não sabe o que é cultura e seu papel definidor nas transformações de uma sociedade. The times they are a-changin.

SOL INVICTUS
Após um longo período de separações e reencontros, o Faith No More lançou essa semana um novo trabalho batizado de Sol Invictus, em CD e também Vinil. Mas, para alegria dos fãs (incluindo este jornalista), o álbum já foi disponibilizado em streaming na internet. E traz toda a essência da banda que tinha ficado lá na década de 1990: letras debochadas, um som pesado e soturno com mudanças de ritmos no meio das músicas e pelo menos uma balada grudenta para aliviar a porrada no ouvido, sempre com toda a loucura e versatilidade do vocalista Mike Patton e as baquetas alucinadas de Mike Bordin. Ou seja, é aquela mesma banda de 18 anos atrás (o “Album of the Year” é de 1997!), com todo mundo mais velho e independente. O resultado não é menos que excelente.

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