Quando Martin Riggs tomou para si a clássica frase de seu parceiro Roger Murtaugh e declarou estar “muito velho para essa droga”, ficou claro que ali, com Máquina Mortífera 4, no final da década de 90, um ciclo se aproximava do fim. Mel Gibson, um dos principais heróis de ação do cinema, ainda faria alguns filmes que exigissem grande esforço físico, como O Patriota, mas nunca mais como na série que, ao lado de Mad Max, fez a sua fama. Mas por que falo de Gibson se no título da coluna é Arnold Schwarzenegger o citado? Porque apesar do “recesso” de oito anos como político, Schwarza, ao contrário de Riggs e do próprio Gibson, não está nem aí para a idade e continua na ativa, arrastando seu corpo robótico e sexagenário para sessões de tiros, pancadaria e muito bom humor.
Ao lado de Bruce Willis e Stallone, Schwarzenegger resiste à aposentadoria dos tipos durões por um motivo muito simples: a limitada capacidade de interpretação não lhes oferta uma variedade de papéis em Hollywood – Willis ainda escapa um pouco desse estigma, tem mais recursos como ator. Em compensação, dê-lhes uma arma e um punhado de frases de efeito que o resultado, provavelmente, será um sucesso de bilheteria. Os Mercenários, que já virou até franquia, está aí para comprovar a tese. Já o bom humor, que sempre esteve presente (principalmente em Schwarza, pois Stallone vez ou outra apostava no drama), agora é fundamental. Os filmes não são somente de ação, são comédias de ação, no melhor estilo True lies, O último grande herói e Um tira no jardim de infância.
O último desafio, o mais recente do Schwarza, entra nesse rol. Há tempos não ria tanto em um filme. Para se ter uma ideia do tom nonsense e de todos os seus clichês e previsibilidade, ele já começa com um policial comendo donuts. Daí para saber quem vai morrer e como será o embate final é um pulo. Além disso, tem a participação de Johnny Knoxville, a “mente brilhante” por trás de Jackass. Ora, um filme que abre espaço considerável a um cara cujo ápice de atuação foi ter deixado um jacaré morder a sua bunda tem mesmo que abraçar a sua irrelevância, o seu lado trash. E tem Rodrigo Santoro também, que deve ter aceitado o papel só mesmo para tirar uma casquinha da Jaimie Alexander, já que ele é conhecido por priorizar escolhas artísticas.
Enquanto isso, Schwarzenegger faz o que dele se espera como xerife de uma cidadezinha de fronteira que tem a missão de parar o Pablo Escobar da nova geração, que está em fuga para o México: dá uns esporros por telefone no chefe do FBI, surge na última hora para salvar os seus ajudantes, solta as suas pílulas de sabedoria, demonstra emoções distintas sempre com a mesma expressão facial e parte para a porrada contra o vilão, sendo mais eficiente do que toda a inteligência norte-americana e equipes da SWAT fortemente armadas. Juro e tenho testemunha de que levantei da cama e aplaudi de pé a cena em que Schwarza frustra de vez o plano do mafioso, se tornando, de fato, o último desafio, como diz o título do filme. Ah, a tosquice, ela não tem limites... Nesse caso, ainda bem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário