segunda-feira, 13 de maio de 2013

In the Flesh, 2013



Esta série britânica da BBC é a prova que dizer que o gênero de Zumbis está saturado é uma balela que só os críticos com ar blasé acreditam. Zumbis sempre serão legais. E sempre haverá algum criativo disposto a incorporar novas mensagens e metáforas sociais envolvendo os mortos-vivos. In The Flesh adiciona um novo e dramático componente: os ex-zumbis. Sim, a série traz a perspectiva de personagens que já comeram carne e graças a um programa do governo e medicamentos conseguiram reverter (pelo menos parcialmente), os efeitos da degradação nos mortos.


Aqui não há hordas sanguinárias, tripas expostas ou gente sendo mordida e se transformando em questão de segundos. Há apenas um jovem solitário que se suicidou por uma paixão não-correspondida por um amigo, e voltou quando não queria. Interessante que todos os “ressuscitados” foram recém-conduzidos de volta a terra dos vivos de maneira inexplicável, que a série, com razão, nem se dá ao trabalho de tentar mostrar. O importante são as reconstruções das relações humanas que estavam destroçadas diante do fim injustificável.
A dor principal não é causada pelo organismo apodrecido. Mas sim, por uma sociedade preconceituosa que não aceita o diferente e nem o amor livre e se vale de uma muleta histórica para justificar suas barbaridades: a Religião. Aquela que, segundo a Bíblia, deveria ser fonte de amor e compaixão é distorcida pela sociedade do ódio e da destruição e, aqui, é impossível que tudo acabe bem. Afinal, sempre teremos exércitos de controladores odiosos que se escondem atrás da gravata e paletó ou da batina pra propagar seus poderes sobre os fracos de espíritos.

In The Flesh vai na ferida, em estado de gangrena, que seja e adota um pessimismo direto. Com tons de cinza e trilha sonora ancorada em canções tristes ( com alguns poucos alívios cômicos), a série mostra que não há salvação para quem é homossexual, negro, pobre ou zumbi. Todos têm que se adequar a um sistema cujo contrato social está mofado e não adaptado aos novos tempos, sob o risco de levar um tiro na cabeça. E que nem o fato de sermos criaturas do mesmo sangue, nos livra de nosso destino cruel. A morte aqui é o horror, mas também a moeda de troca.
Com apenas 3 episódios, In The Flesh se mostrou na sua primeira temporada que é uma das melhores estréia de 2013 na televisão mundial. E é muito bom saber que, em termos de bom cinema, a TV está no seu ápice de qualidade. Que dure por muito tempo. 







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