Dario Argento é conhecido por suas tramas de mistério e suspense, com boas doses de sangue, que jorram de jugulares mutiladas por um assassino de luvas pretas. São os ‘giallos’, que fizeram a sua fama e o tornaram um dos mestres do cinema de horror. Mas o cineasta italiano também emprestou o seu talento para narrativas sobrenaturais. Aliás, minto. Narrativa é uma palavra que não cabe nesse caso. O que ele fez, com extrema maestria, foi costurar cenas que mesclam beleza e grotesco, sem uma lógica discernível. Em seus filmes, deu vida a pesadelos e os transformou em obras de arte.
Para alcançar esse resultado, Argento minimizou a importância do conteúdo (leia-se roteiro) e se debruçou sobre a forma e o estilo. Fez um cinema sensorial, uma verdadeira experiência estética, onde as cores e os sons são elementos fundamentais para a compreensão e o desenvolvimento da história. Assim, ele consegue que imagens aterradoras fiquem gravadas durante um bom tempo na retina. É como se aqueles pesadelos bem reais, que tentamos trancafiar em algum lugar remoto do nosso cérebro para que não volte a nos assombrar de noite, explodissem em fúria, em plena luz do dia, negando-se a ficar preso na escuridão.
A obra de Thomas De Quincey, portanto, se adequou perfeitamente a esse intento. O escritor inglês do século XIX imaginou o mal encarnado em três mulheres, três bruxas responsáveis por toda dor e sofrimento da humanidade. São elas: a Mater Suspiriorum, a ‘Nossa Senhora dos Suspiros’; a Mater Lacrimarum, a ‘Nossa Senhora das Lágrimas’; e a Mater Tenebrarum, a ‘Nossa Senhora da Escuridão’. Tais entidades inspiraram Argento em três filmes, sendo que dois deles causam um misto de fascinação e repugnância por sua excepcional qualidade, ‘Suspiria’ e ‘A Mansão do Inferno’.
Os filmes são de 1977 e 1980, respectivamente. Naquela época, Argento estava no seu auge criativo. A violência é explícita, mas estranhamente bela e recheada de significado. As ações dos personagens nunca condizem com o racional. É a emoção e o instinto que falam mais alto. Afinal, quem, em sã consciência, mergulharia em um buraco no porão de um prédio para resgatar uma chave? É uma cena surreal, digna de um terror noturno. Ou então quando, ao fugir do ‘nada’, talvez do próprio medo, a vítima encontra o seu destino fatal em uma prisão de arame farpado.
Infelizmente, Argento não fechou com chave de ouro os seus contos de fada (bruxas) bizarros. Talvez pela demora na sua conclusão. ‘O retorno da maldição’ veio apenas em 2007, quando o cineasta demonstrou ter perdido o vigor e a vontade de ousar, de criar. Desse modo, ele abandonou as experimentações e quis realizar um filme ‘normal’, quebrando o mórbido encanto dos anteriores e caindo em clichês do gênero. Algo parecido com o que fez em ‘Reféns do medo’ dois anos depois, numa tentativa de retomar os ‘giallos’, com algumas boas sacadas, mas sem a força e qualidade de outrora. Em tempo: ainda não assisti ao seu último filme, uma nova versão de Drácula. Veremos se o mestre voltou.
Para alcançar esse resultado, Argento minimizou a importância do conteúdo (leia-se roteiro) e se debruçou sobre a forma e o estilo. Fez um cinema sensorial, uma verdadeira experiência estética, onde as cores e os sons são elementos fundamentais para a compreensão e o desenvolvimento da história. Assim, ele consegue que imagens aterradoras fiquem gravadas durante um bom tempo na retina. É como se aqueles pesadelos bem reais, que tentamos trancafiar em algum lugar remoto do nosso cérebro para que não volte a nos assombrar de noite, explodissem em fúria, em plena luz do dia, negando-se a ficar preso na escuridão.
A obra de Thomas De Quincey, portanto, se adequou perfeitamente a esse intento. O escritor inglês do século XIX imaginou o mal encarnado em três mulheres, três bruxas responsáveis por toda dor e sofrimento da humanidade. São elas: a Mater Suspiriorum, a ‘Nossa Senhora dos Suspiros’; a Mater Lacrimarum, a ‘Nossa Senhora das Lágrimas’; e a Mater Tenebrarum, a ‘Nossa Senhora da Escuridão’. Tais entidades inspiraram Argento em três filmes, sendo que dois deles causam um misto de fascinação e repugnância por sua excepcional qualidade, ‘Suspiria’ e ‘A Mansão do Inferno’.
Os filmes são de 1977 e 1980, respectivamente. Naquela época, Argento estava no seu auge criativo. A violência é explícita, mas estranhamente bela e recheada de significado. As ações dos personagens nunca condizem com o racional. É a emoção e o instinto que falam mais alto. Afinal, quem, em sã consciência, mergulharia em um buraco no porão de um prédio para resgatar uma chave? É uma cena surreal, digna de um terror noturno. Ou então quando, ao fugir do ‘nada’, talvez do próprio medo, a vítima encontra o seu destino fatal em uma prisão de arame farpado.
Infelizmente, Argento não fechou com chave de ouro os seus contos de fada (bruxas) bizarros. Talvez pela demora na sua conclusão. ‘O retorno da maldição’ veio apenas em 2007, quando o cineasta demonstrou ter perdido o vigor e a vontade de ousar, de criar. Desse modo, ele abandonou as experimentações e quis realizar um filme ‘normal’, quebrando o mórbido encanto dos anteriores e caindo em clichês do gênero. Algo parecido com o que fez em ‘Reféns do medo’ dois anos depois, numa tentativa de retomar os ‘giallos’, com algumas boas sacadas, mas sem a força e qualidade de outrora. Em tempo: ainda não assisti ao seu último filme, uma nova versão de Drácula. Veremos se o mestre voltou.