Nos seus
primeiros anos no cinema, James Gunn trabalhou na obscura produtora Troma,
conhecida por seus filmes de “terrir” (terror+trash+comédias). Lá ele escreveu
coisas como Tromeu e Julieta (1996). Começou a ganhar notoriedade na
indústria escrevendo roteiros dos filmes do Scooby Doo (!) e o ótimo Madrugada
dos Mortos (2004). Seu primeiro sucesso foi o trash Slither – Seres
Rastejantes (2006) e, logo em seguida, fez a boa comédia Super (2010), que
mostrou um super-herói atrapalhado e rendeu o convite para dirigir Os Guardiões
da Galáxia (2014).
Foi uma
aposta arriscada da Marvel investir em um diretor sem notoriedade, mas o ritmo,
o humor e a nostalgia do primeiro filme tornaram a aventura do grupo quase
desconhecido, um sucesso de público e crítica e fizeram a fama do cineasta.
Três anos depois, a continuação chega à tela grande, prometendo repetir o
sucesso e encher os cofres dos estúdios da editora. E Gunn acerta novamente ao
manter o mesmo clima de “time que está ganhando não se mexe”.
E
Guardiões da Galáxia 2 (2017) parece mesmo uma grande e divertida reunião de
família. O elenco, encabeçado por Chris Pratt e Zoe Saldana, está bem à vontade
nos seus papéis, com destaque para uma improvável veia humorística do lutador
de MMA Dave Bautista. E você vai morrer de fofura com o Baby
Groot. E não são só os atores que parecem estar se divertindo a beça. Os
designs de som e de produção jogaram todo o bom senso para o alto e decidiram
embarcar no absurdo proposto. São naves com sons que imitam fliperamas, céu
colorido de Flash Gordon, figurino que parecem saídos de Barbarela e alienígenas
com maquiagens bizarras, num contraste entre antigo e futurista, as matinês e o
ciberpunk.
Não tão
dinâmico quanto o primeiro, já que algumas passagens são bem arrastadas, a
película mantém a atenção do espectador com sequências cartunescas, como
desenhos do Chuck Jones. Vilões sendo jogados para o alto inúmeras vezes e uma
sequencia sem noção com rostos deformados pela travessia espaço-tempo garantem
boas risadas. Mas a diversão mesmo está
no fascínio pelos exagerados anos 80, seja com a estética kitsch, seja com a participação
de astros da época, como Kurt Russel, Sylvester Stallone e David Hasselhoff.
A trilha
sonora, a exemplo da primeira aventura, continua deliciosamente datada. A
música passeia pelo filme e é impossível ficar parado, sem mexer pelo menos os
pés nas poltronas do cinema ouvindo Electric Light Orchestra (em uma sequência
inicial sensacional), Fleetwood Mac e George Harrison. E se não se emocionar
ouvindo Cat Stevens cantando Father e Son, você é mais insensível que o Drax.

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