segunda-feira, 8 de maio de 2017

Essa família é muito unida...


Nos seus primeiros anos no cinema, James Gunn trabalhou na obscura produtora Troma, conhecida por seus filmes de “terrir” (terror+trash+comédias). Lá ele escreveu coisas como Tromeu e Julieta (1996).  Começou a ganhar notoriedade na indústria escrevendo roteiros dos filmes do Scooby Doo (!) e o ótimo Madrugada dos Mortos (2004).  Seu primeiro sucesso foi o trash Slither – Seres Rastejantes (2006) e, logo em seguida, fez a boa comédia Super (2010), que mostrou um super-herói atrapalhado e rendeu o convite para dirigir Os Guardiões da Galáxia (2014).
Foi uma aposta arriscada da Marvel investir em um diretor sem notoriedade, mas o ritmo, o humor e a nostalgia do primeiro filme tornaram a aventura do grupo quase desconhecido, um sucesso de público e crítica e fizeram a fama do cineasta. Três anos depois, a continuação chega à tela grande, prometendo repetir o sucesso e encher os cofres dos estúdios da editora. E Gunn acerta novamente ao manter o mesmo clima de “time que está ganhando não se mexe”.
E Guardiões da Galáxia 2 (2017) parece mesmo uma grande e divertida reunião de família. O elenco, encabeçado por Chris Pratt e Zoe Saldana, está bem à vontade nos seus papéis, com destaque para uma improvável veia humorística do lutador de MMA Dave Bautista. E você vai morrer de fofura com o Baby Groot.  E não são só os atores que parecem estar se divertindo a beça. Os designs de som e de produção jogaram todo o bom senso para o alto e decidiram embarcar no absurdo proposto. São naves com sons que imitam fliperamas, céu colorido de Flash Gordon, figurino que parecem saídos de Barbarela e alienígenas com maquiagens bizarras, num contraste entre antigo e futurista, as matinês e o ciberpunk.
Não tão dinâmico quanto o primeiro, já que algumas passagens são bem arrastadas, a película mantém a atenção do espectador com sequências cartunescas, como desenhos do Chuck Jones. Vilões sendo jogados para o alto inúmeras vezes e uma sequencia sem noção com rostos deformados pela travessia espaço-tempo garantem boas risadas.  Mas a diversão mesmo está no fascínio pelos exagerados anos 80, seja com a estética kitsch, seja com a participação de astros da época, como Kurt Russel, Sylvester Stallone e David Hasselhoff.
A trilha sonora, a exemplo da primeira aventura, continua deliciosamente datada. A música passeia pelo filme e é impossível ficar parado, sem mexer pelo menos os pés nas poltronas do cinema ouvindo Electric Light Orchestra (em uma sequência inicial sensacional), Fleetwood Mac e George Harrison. E se não se emocionar ouvindo Cat Stevens cantando Father e Son, você é mais insensível que o Drax.

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