Agora em agosto entra no ar uma
plataforma chamada Social Comics. Em novembro, outra nomeada Cosmic. O que
ambas têm em comum? O fato de usarem um novo modelo de negócios que vem se
tornando padrão nestes tempos “pós-Netflix”: o de oferecer conteúdo
diversificado e exclusivo a preços módicos, a partir de sistemas criados para a
internet, como o streaming. Só que, ao invés de filmes e séries, nos dois casos
os produtos oferecidos são as histórias em quadrinhos. Sim, meus caros. Com poucos
reais, você tem acesso a uma banca de revista virtual com muitas opções de
escolhas. É o sonho de quem tem mais de 30 anos e devorava revistinhas nas
esquinas por horas e horas até decidir levar uma para casa.
Já falei sobre o fenômeno
Netflix, mas é interessante como esse padrão começa a se estender por outros
segmentos. Já existem serviços em testes de livros, revistas e até de conteúdo em
vídeos exclusivamente eruditos. Serviços como o Google Music e o Spotify são
populares por oferecer música para escutar online ou para download, a partir de
bibliotecas gigantescas e que possibilitam a montagem de playlists particulares
ou compartilhar gostos (lembram da moda de trocar fitas cassetes gravadas? Pois
é)... Ah, e sem esquecer algo que Microsoft e Sony fizeram com os videogames
Xbox e Playstation, respectivamente. Os usuários pagam mensalidades para ter
acesso a conteúdos exclusivos, poder jogar online e, o melhor, dão vários jogos
de graça por mês. Alguns, inclusive, são recentes e custam caro em mídia
física.
O que todas essas áreas de
produção cultural têm equiparado é que sempre foram alvos da pirataria, que
gera bilhões de prejuízos para a indústria, mas por outro lado, permitia um tipo
de acesso universal à cultura, mesmo que à margem da lei. Os quadrinhos também
são alvo de pirataria desde o início da internet, assim como a música e o
cinema. Muitos usuários de fóruns e blogs “escaneavam” suas coleções de gibis e
disponibilizavam em PDFs para outros usuários.
E assim como outras empresas de tecnologias (Netflix é o melhor exemplo,
novamente), essas “bancas digitais” se vendem como um modelo viável para
comercializar seus produtos enfrentando a ilegalidade. Além da comodidade,
claro. É fácil, rápido e prático.
Para termos uma idéia de como a internet está
mudando esse paradigma na relação custo, plataforma e fornecimento, o 72º Festival de Veneza decidiu oferecer parte
do catálogo de filmes da mostra deste ano para ser assistido por espectadores
de todo o mundo em streaming, em um sistema chamado Sala Web, vendendo “ingresso
virtual”. Ou seja, você pode assistir a um filme do festival em casa, sem
precisar ir à Itália. E emissoras como HBO e Telecine oferecem pacotes com seus
catálogos.
São tantas opções, somadas ao aumento da renda
dos brasileiros, que está havendo um processo de mudança na já falada relação
do consumidor com a pirataria. Hoje, muitos preferem pagar barato por um
produto de qualidade, do que gastar com outros de origens duvidosas. Já
repararam como diminuiu a quantidade de tabuleiros de pirataria pelas ruas? É
um dos sintomas mais claros e objetivos.