Juan de Los
Muertos é uma das produções que assistimos com curiosidade e, de repente,
ficamos completamente envolvidos. Isso se tratando de um filme com a mistura
mais impróvável que já vi: Afinal, é um filme de zumbi. Mas, produzido e financiado
em Cuba. Sim, você leu direito. Um filme de terror na terra de Fidel. E o
melhor com a anuência e dinheiro do governo deste. Mas não pense que é mais uma
propaganda pró-Cuba. Pelo contrário, a película abusa da crítica ao sistema de
governo falido, mas também guarda munição para criticar o imperialismo
americano e sobra até para os espanhóis.
A premissa
é praticamente a mesma da grande maioria dos filmes de Zumbi: o protagonista
Juan (alto, esmirrado e feioso) acaba enfrentando uma epidemia de zumbis em
Havana e tenta salvar a própria pele, junto aos amigos esquisitos. Mas, Juan não
é um herói comum. Pelo contrário, ele resolve aproveitar o caos e montar uma
“empresa” especializada em limpar as casas e empresas dos comedores de carne.
Aqui o estranhamento é causado principalmente pela falta de contato com
qualquer tipo de cultura do mundo exterior. Na verdade, eles nem sabe o que é
um “Zumbi”.
O filme
brinca com os elementos que compõem a paisagem cubana, como a praça com a
imagem de Che, a sede do governo (destruída por um helicóptero em chama) e até
os carros velhos importados da antiga União Soviética. A falida e
decadência capital cubana se transforma em um cenário perfeito para o
apocalipse zumbi. Tanto que, de inicio, é difícil diferenciar o que está
inteiro ou destruído na cidade. E absurda também é a informação repassada pelo
governo, através da Tv estatal sobre a contaminação: trata-se de dissidentes
revoltados (hahahaha).
Os muitos
clichês de filmes de zumbi que são repetidos e zombados pelos personagens, como
a cena da morte tranquila do amigo, as transmissões desesperadas das redes de
televisão e até a fuga com o carro envenenado. Os personagens são outro
destaque: tem a dupla de trambiqueiros, incluindo Juan, o adolescente que quer
ser americano, e um casal improvável formado por um travesti e um brutamontes
que desmaia sempre que vê sangue. Os efeitos especiais são ótimos, assim como a
maquiagem e a fotografia. O filme é bem dirigido, e o argentino Alejandro
Brugués, é uma bela surpresa como diretor.
Apesar de ficar um pouco lento no final, o
filme é divertidíssimo, e garantiu boas risadas deste que vos posta. A melhor
cena do filme: quando um carro sai cortando as cabeças de dezenas de zumbis com
uma corrente engatada em um poste. Mas existem outras sensacionais: Uma luta
que lembra uma dança entre Juan e um zumbi algemados e o capotamento dos algemados
em meio a um ataque zumbi, além do primeiro contato com um morto-vivo (eles
discutindo se o velho era vampiro, é impagável). Os diálogos também são bem
engraçados (“Ele morreu e tiramos a cadeira de rodas dele. Não necessariamente
nessa ordem”). Com certeza, Juan dos Mortos já um dos filmes mais engraçados e
um dos melhores trashs do ano.
Juan dos
Mortos homenageia uma infinidade de outras produções do gênero. É muito
divertido perceber as homenagens. Vai algumas:
- Os zumbis
andando no fundo do mar é uma recriação de uma cena parecida em Zombie de Lucio
Fulci.
- O nome do
filme já é uma paródia a Dawn of The Dead de George Romero.
- Existem
zumbis velozes, como em Extermínio.
- O carro
reequipado foi feito também em Madrugada dos Mortos, refilmagem de Dawn of Dead
(titulado no Brasil como Despertar dos Mortos).
- Juan usa
um remo como arma. Em Shaun of Dead, o personagem-título usa um taco de críquete.
Obs: Tem uma “surpresa”
bem legal no fim dos créditos animados. Uma dica: Ele é quase um morto vivo
mesmo.
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