segunda-feira, 11 de março de 2013

Juan dos Mortos (Juan de Los Muertos, 2011)



Juan de Los Muertos é uma das produções que assistimos com curiosidade e, de repente, ficamos completamente envolvidos. Isso se tratando de um filme com a mistura mais impróvável que já vi: Afinal, é um filme de zumbi. Mas, produzido e financiado em Cuba. Sim, você leu direito. Um filme de terror na terra de Fidel. E o melhor com a anuência e dinheiro do governo deste. Mas não pense que é mais uma propaganda pró-Cuba. Pelo contrário, a película abusa da crítica ao sistema de governo falido, mas também guarda munição para criticar o imperialismo americano e sobra até para os espanhóis.  

A premissa é praticamente a mesma da grande maioria dos filmes de Zumbi: o protagonista Juan (alto, esmirrado e feioso) acaba enfrentando uma epidemia de zumbis em Havana e tenta salvar a própria pele, junto aos amigos esquisitos. Mas, Juan não é um herói comum. Pelo contrário, ele resolve aproveitar o caos e montar uma “empresa” especializada em limpar as casas e empresas dos comedores de carne. Aqui o estranhamento é causado principalmente pela falta de contato com qualquer tipo de cultura do mundo exterior. Na verdade, eles nem sabe o que é um “Zumbi”.


O filme brinca com os elementos que compõem a paisagem cubana, como a praça com a imagem de Che, a sede do governo (destruída por um helicóptero em chama) e até os carros velhos importados da antiga União Soviética.  A falida e decadência capital cubana se transforma em um cenário perfeito para o apocalipse zumbi. Tanto que, de inicio, é difícil diferenciar o que está inteiro ou destruído na cidade. E absurda também é a informação repassada pelo governo, através da Tv estatal sobre a contaminação: trata-se de dissidentes revoltados (hahahaha).

Os muitos clichês de filmes de zumbi que são repetidos e zombados pelos personagens, como a cena da morte tranquila do amigo, as transmissões desesperadas das redes de televisão e até a  fuga com o carro envenenado. Os personagens são outro destaque: tem a dupla de trambiqueiros, incluindo Juan, o adolescente que quer ser americano, e um casal improvável formado por um travesti e um brutamontes que desmaia sempre que vê sangue. Os efeitos especiais são ótimos, assim como a maquiagem e a fotografia. O filme é bem dirigido, e o argentino Alejandro Brugués, é uma bela surpresa como diretor.

 Apesar de ficar um pouco lento no final, o filme é divertidíssimo, e garantiu boas risadas deste que vos posta. A melhor cena do filme: quando um carro sai cortando as cabeças de dezenas de zumbis com uma corrente engatada em um poste. Mas existem outras sensacionais: Uma luta que lembra uma dança entre Juan e um zumbi algemados e o capotamento dos algemados em meio a um ataque zumbi, além do primeiro contato com um morto-vivo (eles discutindo se o velho era vampiro, é impagável). Os diálogos também são bem engraçados (“Ele morreu e tiramos a cadeira de rodas dele. Não necessariamente nessa ordem”). Com certeza, Juan dos Mortos já um dos filmes mais engraçados e um dos melhores trashs do ano.

Juan dos Mortos homenageia uma infinidade de outras produções do gênero. É muito divertido perceber as homenagens. Vai algumas:

- Os zumbis andando no fundo do mar é uma recriação de uma cena parecida em Zombie de Lucio Fulci.

- O nome do filme já é uma paródia a Dawn of The Dead de George Romero.

- Existem zumbis velozes, como em Extermínio.

- O carro reequipado foi feito também em Madrugada dos Mortos, refilmagem de Dawn of Dead (titulado no Brasil como Despertar dos Mortos).

- Juan usa um remo como arma. Em Shaun of Dead, o personagem-título usa um taco de críquete.



Obs: Tem uma “surpresa” bem legal no fim dos créditos animados. Uma dica: Ele é quase um morto vivo mesmo.
  

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