sábado, 23 de março de 2013

5 motivos para ver Arrested Development




O clima politicamente incorreto da história

A história do patriarca de uma família desregulada que vai preso por fraudes na sua empresa e deixa o irmão mais velho com a responsabilidade sobre os parentes à deriva é cheia de piadas misóginas, preconceituosas, sexualmente inapropriadas e politicamente incorretas.

Os personagens

Michael Bluth (Jason Bateman), fica com a responsabilidade de cuidar da empresa e da família, após o  pai George Bluth (Jeffrey Tambor) ser preso.  Falidos, a família se desespera e começa a pensar em maneiras de ganhar dinheiro. O problema são justamente eles. Michael é o único “normal” do grupo, formado ainda pela mãe, Lucille (Jessica Walter), uma socialite deslumbrada e preconceituosa; seus irmãos Buster (Tony Hale), um universitário com problemas mentais  e  Gob (Will Arnett), mágico fracassado, além da irmã patricinha  Lindsay (Portia de Rossi), e seu marido Tobias (David Cross), que perdeu a licença de médico e decide se dedicar ao sonho de ser ator. Completam o time George (Michael Cera), o introvertido  filho adolescente de Michael e a prima Maeby (Alia Shawkat), rebelde e dissimulada.

Jason Bateman

Hoje um ator conhecido em Hollywood, Bateman era quase um desconhecido quando começou a interpretar Michael Bluth. Ele provou já ter o timing apropriado para a comédia, com sua cara de bom moço e boas interpretações.

As participações especiais

            Outro ponto forte da série são as participações especiais. Desde Liza Minelli (que vive uma engraçada vizinha perua de Lucille, chamada Lucille também), até Carl Wheathers (interpretando ele mesmo, como um ator fracassado e trambiqueiro), a história tem muitas outras participações divertidas, como Ed Begley Jr. (como um empresário sem pêlos, que vive mudando de perucas) e Bem Stiller (um mágico espalhafatoso).


Ressurreição

Em 2013, o canal de serviço de streaming Netflix decidiu ressuscitar a série, que terminou na 3ª temporada e bancou a 4ª temporada da série (e provavelmente a última, já que atores como Bateman e Michael Cera são astros, hoje, do cinema). Esta temporada estréia em maio no canal, que já disponibiliza todos os episódios da série até aqui. Ah, e um filme já está sendo produzido para dar fim à saga da família Bluth.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Juan dos Mortos (Juan de Los Muertos, 2011)



Juan de Los Muertos é uma das produções que assistimos com curiosidade e, de repente, ficamos completamente envolvidos. Isso se tratando de um filme com a mistura mais impróvável que já vi: Afinal, é um filme de zumbi. Mas, produzido e financiado em Cuba. Sim, você leu direito. Um filme de terror na terra de Fidel. E o melhor com a anuência e dinheiro do governo deste. Mas não pense que é mais uma propaganda pró-Cuba. Pelo contrário, a película abusa da crítica ao sistema de governo falido, mas também guarda munição para criticar o imperialismo americano e sobra até para os espanhóis.  

A premissa é praticamente a mesma da grande maioria dos filmes de Zumbi: o protagonista Juan (alto, esmirrado e feioso) acaba enfrentando uma epidemia de zumbis em Havana e tenta salvar a própria pele, junto aos amigos esquisitos. Mas, Juan não é um herói comum. Pelo contrário, ele resolve aproveitar o caos e montar uma “empresa” especializada em limpar as casas e empresas dos comedores de carne. Aqui o estranhamento é causado principalmente pela falta de contato com qualquer tipo de cultura do mundo exterior. Na verdade, eles nem sabe o que é um “Zumbi”.


O filme brinca com os elementos que compõem a paisagem cubana, como a praça com a imagem de Che, a sede do governo (destruída por um helicóptero em chama) e até os carros velhos importados da antiga União Soviética.  A falida e decadência capital cubana se transforma em um cenário perfeito para o apocalipse zumbi. Tanto que, de inicio, é difícil diferenciar o que está inteiro ou destruído na cidade. E absurda também é a informação repassada pelo governo, através da Tv estatal sobre a contaminação: trata-se de dissidentes revoltados (hahahaha).

Os muitos clichês de filmes de zumbi que são repetidos e zombados pelos personagens, como a cena da morte tranquila do amigo, as transmissões desesperadas das redes de televisão e até a  fuga com o carro envenenado. Os personagens são outro destaque: tem a dupla de trambiqueiros, incluindo Juan, o adolescente que quer ser americano, e um casal improvável formado por um travesti e um brutamontes que desmaia sempre que vê sangue. Os efeitos especiais são ótimos, assim como a maquiagem e a fotografia. O filme é bem dirigido, e o argentino Alejandro Brugués, é uma bela surpresa como diretor.

 Apesar de ficar um pouco lento no final, o filme é divertidíssimo, e garantiu boas risadas deste que vos posta. A melhor cena do filme: quando um carro sai cortando as cabeças de dezenas de zumbis com uma corrente engatada em um poste. Mas existem outras sensacionais: Uma luta que lembra uma dança entre Juan e um zumbi algemados e o capotamento dos algemados em meio a um ataque zumbi, além do primeiro contato com um morto-vivo (eles discutindo se o velho era vampiro, é impagável). Os diálogos também são bem engraçados (“Ele morreu e tiramos a cadeira de rodas dele. Não necessariamente nessa ordem”). Com certeza, Juan dos Mortos já um dos filmes mais engraçados e um dos melhores trashs do ano.

Juan dos Mortos homenageia uma infinidade de outras produções do gênero. É muito divertido perceber as homenagens. Vai algumas:

- Os zumbis andando no fundo do mar é uma recriação de uma cena parecida em Zombie de Lucio Fulci.

- O nome do filme já é uma paródia a Dawn of The Dead de George Romero.

- Existem zumbis velozes, como em Extermínio.

- O carro reequipado foi feito também em Madrugada dos Mortos, refilmagem de Dawn of Dead (titulado no Brasil como Despertar dos Mortos).

- Juan usa um remo como arma. Em Shaun of Dead, o personagem-título usa um taco de críquete.



Obs: Tem uma “surpresa” bem legal no fim dos créditos animados. Uma dica: Ele é quase um morto vivo mesmo.
  

quarta-feira, 6 de março de 2013

House of Cards (2013)




Netflix chegou pra ficar e se estabelece como o novo conceito de tv no mundo, graças a internet. Aquela em que você escolhe o que ver , quando e como. Apesar de embrionário, esse tipo de entretenimento deve dominar e fará com que as emissoras de televisão repensem bem seus modelos de negócios, a partir da necessidade do seu público. Algumas, como HBO e Telecine, além da própria Rede Globo já oferecerem conteúdos amplificados na grande rede, mas ainda é restrito.

Quem mais tornou esse ambiente lucratico foi o Netflix. Oferecer produtos de qualidade a preços baixos fez uma diferença considerável e consolidou a marca da empresa. Dito isso, era uma questão de tempo até que a empresa começasse a pensar produtos próprios, além de oferecer cardápio alheio.

Após uma simplificada primeira tentativa com Lilyhammer, a grande “cartada” do Netflix foi criar a série House of Cards (na verdade uma refilmagem de uma série britânica do mesmo nome). Rapidamente, a história caiu no gosto do público e se tornou uma das maiores audiências da casa. E pouco importa se a série foi criada a partir de pesquisa de opinião sobre gosto do público. Isso é conversa pra rodas de marqueteiros. Afinal, todos sabemos como os gostos são voláteis e diversos.

Assim, é fácil explicar esse sucesso por um ângulo mais simples. Primeiro, pela facilidade de acesso do Netflix. Segundo, porque toda a primeira temporada foi disponibilizada de uma única vez (isso faz muita diferença para quem acompanha muitas séries e gosta de assistir episódios em sequências). Mas os motivos principais são outros dois: Primeiro, o enredo que envolve os bastidores da política, da imprensa e da eleição americana. Uma relação entrelaçada por teias sujas de intrigas, mentiras, traições, sexo e morte. Como bônus extra, há  a produção e direção do piloto pelo grande David Fincher (diretor dos espetaculares Seven, Zodíaco, Alien 3, Clube da Luta, Vidas em Jogo e dos razoáveis Benjamin Button e Quarto do Pânico).


Alerta de Spoiler:

Desde a primeira cena, quando vemos o deputado Frank Underwood matar o cão do vizinho que agonizava na rua após ser atropelado, já sabemos de antemão que ali está um personagem frio e calculista. E não é a toa que Frank passa boa parte da série conversando e estabelecendo suas idéias diretamente com o público. Nos tornamos, mesmo que não queiramos, cúmplices dos seus crimes, jogadas e mentiras. Mas ou menos, como os eleitores que votam em maus políticos também o são por isso. Essa, pra mim, é a grande sacada genial de House of Card. Apesar de não ser novidade (já é usado em outras séries como The Office), o recurso de falar diretamente para a câmera ganha uma força absurda, na densa mitologia da série.

A trama segue os planos de Underwood para ascender em Washington e derruba os adversários (inclusive do próprio partido democrata), após ser preterido da escolha para secretário de educação pelo presidente dos EUA. Frank desmonta todo o Castelo de cartas em volta da Real Politik e da política de aparências na terra do Tio Sam. Mentiras, manipulações e assassinatos se misturam nesse caldeirão de hipocrisia, que encontra ecos na “vida real”. Por outro lado, temos algumas situações forçadas e um pouco clichês, mas nada que tire o brilho da história.

Outro motivo para que a série dê certo é Kevin Spacey. Spacey consegue estabelecer todas as nuances de um personagem complexo por natureza . O congressista é cinico, frio, manipulador e dissimulado por natureza. Além de bissexual. São tantas camadas que só um ator experiente do quilate dele consegue interpretá-lo sem perder a verossimilhança. Com isso ele acaba, infelizmente ofuscando a atuação do elenco secundário como Robin Wright, que apesar de conservada no formol, não consegue ser uma boa atriz.

Trailer de lançamento da série: