domingo, 2 de outubro de 2011

A Árvore da Vida



Nunca li nenhum livro ou manual que dissesse que Cinema é história, com começo, meio e fim. Cinema é, acima de tudo, imagem. Terrence Malick entende isso. Aliás, o cineasta não só compreende, como vai muito além. Árvore da Vida é um libelo sobre a Vida e a Morte. Sobre Deus e Natureza. A razão versus a fé. A criação como Biologia e o amor como manifestação divina. Pronto. Nas mãos dos medíocres, seria um prato cheio para melodramas. Mas não para Malick. Não, ele não está interessado em agradar. Mas é subverter, angustiar. E criou um dos filmes mais belos que já vi na vida.

Não há uma história linear. Basicamente, é a de uma família média americana, nas décadas de 50 e 60 que chora a perda de um dos três filhos. A narrativa se desloca no tempo, indo e vindo, mostrando a educação rígida do pai e a doçura no trato com a mãe. Partindo, para a redenção do filho mais velho. Tudo entrecortado e envolvido por belas imagens. Desde a criação do universo. CGI bem usado, diga-se. A beleza do mundo e o conflito com Deus. Porque teria nos abandonado, se fez tudo isso tão belo?

Semioticamente, os planos propostos são elegantes. Planos fechados, baixos, ressaltando o olhar infantil. O despertar do mundo das crianças, da sexualidade, das dúvidas, dos enfrentamentos, diante de um mundo onde Deus teria abandonado (mas como abandonou se as plantas ainda crescem?).

Concordo que não é um filme fácil. Entendo quem saiu das salas de cinema no meio da sessão. Afinal, ficamos acostumados com o manual hollywoodiano de fazer cinema. E o Cinema atual está em crise de idéias. Mas é justamente nesses períodos que surgem as obras primas. Disse que Ilha do Medo era o melhor de 2010. Árvore da Vida é o melhor de 2011. O Primeiro, de Martin Scorsese, que junto com Malick, veio de outra geração em crise: Da década de 1970. É desses caras que os novos cineastas têm que tirar as boas lições.




Nota: 10

Trailer:

http://youtu.be/PlxZOOEHK4o

3 comentários:

@paulonaz disse...

Rapaz, o que posso dizer é que...alguém tinha que gostar desse filme. =D Um abraço.

Maick Costa disse...

Não pude ver esse filme ainda, e tava impressionado com a quantidade de comentários negativos. Mas o teu post me deu mais vontade de ver. Valeu =]

Fábio Nóvoa disse...

Paulo, acho que no fundo do teu coração, tu gostou. hahaha

Maick. Assiste. Se fores com teu espírito desarmado, vale a pena.


Fábio