
Embora o filme, produzido no Espírito Santo, seja de 2009, ainda não tinha ouvido falar dele. Em uma das minhas madrugadas insones, achei-o na internet para download. Uma rápida pesquisa e soube que ele percorreu alguns festivais de cinema fantástico no Sul e Sudeste do país, onde obteve um sucesso considerável. Resolvi conferir e não me decepcionei. É um belo exemplar de terror trash, na mesma linha de clássicos como Evil Dead e Fome Animal.
O que mais me chamou a atenção em Mangue Negro – além do fato de alguém se aventurar no cinema de gênero no Brasil, principalmente o terror, tão renegado – foi a preocupação em não cair na mesmice, de apenas imitar o estilo consagrado por George Romero. Zumbis nós temos aos montes, em todas as mídias. Eles estão na moda e não é de hoje. Então, o que o diretor capixaba Rodrigo Aragão fez foi inserir elementos da cultura brasileira nesse universo, criando uma identificação do espectador com a obra. Afinal, sempre soubemos que a contaminação era em escala mundial, mas nunca vemos isso na tela.

No mais, tem que ser ressaltado o trabalho de maquiagem, feito pelo próprio Aragão. Os zumbis ficaram assustadores, nojentos... O diretor também criou alguns animatrônicos, esses bem toscos. Mas como a ideia era passar uma sensação de decrepitude, o resultado não destoou. O amadorismo dos atores também ajudou na composição do clima realista do filme. Tá certo que, às vezes, dá uma agonia a falta de recursos do mocinho, uma espécie de Ash à brasileira, mas ele consegue funcionar. Outro aspecto que incomoda é o excesso de fades. O diretor poderia ter variado mais.
Mas nada que tire muitos pontos do filme. O fato é que o cinema brasileiro precisa de mais novidades do tipo. E Mangue Negro mostrou que não é difícil. Bastaram, no caso, 50 mil reais e um punhado de criatividade.
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