Como levantar do sofá para tentar consertar qualquer que tenha sido o problema não era sequer uma alternativa e o programa já mostrou, em menos de um minuto, dez closes de peitos e bundas, os garotos ficaram assistindo, compenetrados. O idioma diferente era o de menos, já que a linguagem corporal apresentada era universal. Os olhos esbugalhados a cada aparição feminina, seguida de uma rápida ida ao banheiro, claro, contrastavam com a revolta pelo tempo desperdiçado com homens se gabando de seus músculos. E não era porque o heavy metal cessara que os comentários mordazes tiveram o mesmo destino.
No começo, os jovens se limitavam a relacionar tanta testosterona com a pequenez do órgão sexual e do cérebro dos homens, além de fantasiar o que eles fariam com a “abundância” de (as) mulheres vistas na tela. As festas diárias naquela casa os fizeram planejar viagens ao Brasil para participar de toda a sacanagem, embora a música tocada não os agradasse nem um pouco. Numa das raras saídas da frente da TV, apenas para reabastecer o estoque de junk food, um deles teve a ideia de pesquisar no Google sobre o programa. Em um site, leram uma reportagem que os deixaram estarrecidos: o Big Brother era um reality show levado a sério, que existia em diversos países, não sendo apenas um entretenimento feito para moleques como eles, que precisavam liberar a sexualidade.
A descoberta, aliada ao fato de que o vencedor ganharia uma bolada em dinheiro, de tão absurda que era, fez com que Beavis e Butt-Head se animassem em querer participar do programa, um verdadeiro culto à imbecilidade e, por isso mesmo, um prato cheio para a dupla. Onde mais as pessoas se deixam enganar por montagens, como num videoclipe (e disso eles entendiam), e compram isso como “realidade”, premiando, na maioria das vezes, um completo idiota? Eles poderiam fazer fortuna, sem dúvida. Era só colocar a mochila nas costas e percorrer os países que exibiam o programa para se inscrever e faturar uma grana, já que estavam há tanto tempo no limbo.
Assim, primeira passagem na mão e claro que para o Brasil, já que eles não desperdiçariam a chance de ficar três meses numa casa ao lado das mulheres mais belas do planeta, só na curtição, sem fazer nada, ser chamados de “heróis” e, quem sabe, voltar aos holofotes, emplacando uma série ou novela por aqui. E eles quase conseguiram o seu intento. Mas o criador da dupla, Mike Judge, pressentiu o que os seus personagens estavam tramando e resolveu resgatá-los. Dar-lhes uma nova chance, novos episódios do próprio programa após anos de “desemprego”. A proposta era irrecusável e a viagem ao redor do mundo foi adiada. Afinal, é certo que esse tal de Big Brother terá vida longa, oportunidade não vai faltar. Hehehe, hehehe, hehehe...

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