
Pode um filme com javali gigante, em que o próprio animal quase não aparece e mata somente em off-screen, ser divertido? A resposta é sim. Razorback é um típico filme B que se aproveita dos desertos da Austrália para fazer um Road-movie-australiano. São filmes que revelaram o talento insano de diretores do país, como Russel Mulcahy e Brian Trenchard-Smith e mais tarde ficaram famosos com os exemplares de luxo da franquia Mad Max, de George Miller. Estava procurando um bom exemplar do cinema das bandas da Oceania para indicar, e lembrei deste clássico, que chegou a passar no SBT como As Garras do Terror.

Mulcahy dirigiu esta pérola obscura pouco antes de ganhar os americanos em Highlander e depois se bandear a fazer bobagens por dinheiro, como Resident Evil 3. E como acontece com películas de animais gigantes assassinos, a história é o que menos importa: Um fazendeiro quer vingar a morte do neto pelo selvagem animal ao mesmo tempo que jornalista desaparece no deserto, levando o marido canadense ao país. Pronto.
Daí por diante, há uma crítica à caçada ilegal de animais, como cangurus e os próprios javalis, para fábricas de alimentos. Além caipiras feios, sujos e malvados... Logos nos minutos iniciais, você tem um choque com o primeiro ataque e depois, aos 20 minutos, com uma morte de um personagem que seria importante também.
O diretor explora a bela paisagem e as luzes do deserto para criar uma bela suposição de imagens e uma fotografia surpreendente. Só esqueça a trilha sonora datada, os diálogos clichês e as atuações péssimas. Apenas se concentre na capacidade do diretor de Highlander de surpreender com poucos recursos e uma câmera nos ombros.

Afinal, transformar a cara de um boneco e um javali comum filmado em ângulos que o tornam gigante e torná-lo uma ameaça real já um mérito e tanto. De resto, apenas paredes quebradas e um rugido ameaçador. Pronto. Bem mais real que qualquer criatura de CGI.

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