(Texto originalmente publicado no Diário do Pará, Caderno Você, edição do dia 19/01/2015)
Na última quinta-feira, dia 15, foram anunciados os indicados ao Oscar 2015. Em um ano relativamente fraco de grandes produções, muitas escolhas certas e poucas novidades. Nesse cenário, destacaram-se as apostas óbvias: Birdman e O Grande Hotel Budapeste com oito indicações, O Jogo da Imitação (sete categorias em disputa) e Boyhood (seis). Só o novo do Clint Eastwood, Sniper Americano teve mais indicações que o esperado, também com seis.
A grande prova de que foi um período de dificuldades na escolha para os melhores de Hollywood: não houve nenhuma interpretação feminina de destaque. Por causa disso, as duas favoritas para melhor atriz são Juliane Moore, que descobre uma grave doença em Para Sempre Alice, e Rosamund Pike, que deve vencer na minha opinião, graças a personagem cheia de ambiguidades que viveu em Garota Exemplar.
Já na categoria ator, a estatueta deve ficar nas mãos de Michael Keaton por Birdman. A academia adora premiar atores aparentemente decadentes por papéis de destaque, principalmente se houver alguma relação com a própria vida dele, como é o caso do nosso querido ex-Batman. O único que corre por fora é Eddie Redmayne em A Teoria de Tudo, no qual interpreta o físico Stephen Hawking.
Entre os coadjuvantes, a quase unanimidade masculina é JK Simmons (para quem não lembra é o J. J. Jameson da primeira trilogia do Homem-Aranha). A segunda opção seria, creio, Ethan Hawke, por Boyhood. Entre as mulheres, o páreo é mais duro: nenhuma delas é favorita e até Meryl Streep foi indicada por exclusão, pela fábula musical Caminhos da Floresta. Aqui, Patricia Arquette sai na frente graças à badalação, com toda razão, em torno de Boyhood.
Boyhood, aliás, é favorito em outras duas categorias: melhor filme e diretor. Richard Linklater apostou em uma estrutura ambiciosa para a obra, filmando o crescimento e envelhecimento dos atores principais durante doze anos. O resultado é bom cinema em estado puro, que independe de uma estrutura narrativa com começo meio e fim, em um registro preciso e poético da passagem do tempo.
Entre as animações, em um ano em que a Pixar novamente está fora da jogada, minha aposta é em Como Treinar seu Dragão 2. Se falarmos de injustiças, considero que Andy Serkis merecia uma indicação pelo trabalho pioneiro de captura de imagem que se especializou e que aperfeiçoou em O Planeta dos Macacos – O Confronto. Sua concepção de Cezar é espetacular. Infelizmente, parece que os membros da academia continuam avessos a novidades tecnológicas como essa e histórias de ficção científica. O que também poderia justificar terem ignorado completamente Interestellar, ambicioso projeto de Christopher Nolan, mas que parece não ter agradado à crítica em geral.
Agora, resta esperar o dia 22 de fevereiro, acompanhar a premiação com um balde de pipoca nas mãos, sempre lembrando que se trata da grande festa do cinema comercial americano e não dos melhores do cinema mundial.
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