quinta-feira, 25 de abril de 2013

Hemlock Grove


Trinta e dois anos se passaram desde a sensacional e extremamente dolorosa transformação de um homem em lobo no filme Um Lobisomem Americano em Londres, de John Landis. De lá para cá, a licantropia foi explorada à exaustão no cinema, com resultados na maioria das vezes questionáveis. Dog Soldiers – Cães de Caça e Skinwalkers, ambos independentes dos grandes estúdios, talvez tenham sido os únicos representantes dignos da linhagem. O problema é que eles fogem do argumento clássico e apostam em releituras do mito. Quem teve a grande chance de recolocar essa história nos trilhos foi O Lobisomem, remake do original da Universal de 1941, mas fizeram um filminho sem-vergonha e desperdiçaram o excelente trabalho do mestre Rick Baker na concepção da criatura. 
Mas eis que agora em 2013, de mansinho e sem alarde, um diretor meia-boca como Eli Roth, responsável pela bomba O Albergue e pelo razoável Cabana do Inferno, surpreendeu positivamente em uma incursão pela TV, na série original do Netflix, Hemlock Grove. Com um tom que se aproxima da atmosfera de pesadelo que intrigava e levava medo à Larry Talbot na década de 40, e misturando elementos de Twin Peaks e True Blood, a nova série, que estreou na última semana, consegue ao mesmo tempo homenagear o passado e ter vida própria. 
A principal preocupação de Roth, que idealizou a série, dirigiu o seu primeiro episódio e continuou como produtor-executivo nos outros doze, foi se distanciar de produtos adolescentes como Crepúsculo, Vampire Diaries e Teen Wolf. E, de fato, Hemlock Grove mantém o seu pé no terreno adulto, em uma trama intrincada, passada em uma cidade fictícia (cujo nome batiza a série), que envolve investigação criminal, conspirações e a relação estreita entre a ciência e o sobrenatural. Ter todos os seus episódios disponibilizados de uma vez ajuda nesse processo, já que não é preciso uma fidelização do espectador; muda-se, portanto, o formato: não é preciso ganchos ao final de cada episódio, “apenas” uma boa história que renda um filme de 13 horas de duração. 
A presença de ciganos e da velha mansão de uma família tradicional do lugar nos provoca uma sensação familiar, de retorno às origens. Ainda mais porque, além do lobisomem, a série faz referências aos seus companheiros de jornada através dos tempos na literatura e no cinema, o que só agrega valor. Mas não há dúvidas sobre qual das figuras sobrenaturais é a protagonista, tanto que os primeiros episódios, apesar da ocorrência de um brutal assassinato, são claramente suavizados para dar força à cena da transformação do lobo. 
Lembro de John Landis falando sobre o seu filme de 81, que costelas e ossos crescendo, mudando de lugar ou quebrando, deveria ser algo incômodo, perturbador e doloroso, tanto para o personagem quanto para o público. Assim foi no seu Um Lobisomem Americano em Londres e Eli Roth emulou aqui, com a adição de uma dose generosa de gore, marca do diretor. Por falar nisso, sangue, vísceras e outras nojeiras não faltam na série. 
Embora Hemlock Grove caia em clichês em alguns pontos, fazendo com que as pistas fornecidas sejam suficientes para um espectador mais atento descobrir quem é o assassino, nada é em vão, pois apesar de ser o mistério principal, o que faz a trama andar, ele não é o único. Tudo pode ser visto como um ponto de partida para entendermos a relação entre os personagens, suas funções, quem são e, principalmente, o que são. Não sei se terá uma nova temporada. Talvez nem seja preciso, já que fecha de uma forma bacana, que volta a ressaltar a sua principal qualidade: a evocação aos elementos clássicos de horror.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Mama (Mama, 2013)


Quando lançou o curta-metragem Mamá em 2008, Andrés Muschietti atraiu as atenções pela história simples, horripilante e surpreendente contada em 3 minutos (o curta pode ser visto nesta postagem aqui). O diretor acabou atraindo a atenção do cineasta e produtor Guillermo Del Toro (dos excelentes O Labirinto do Fauno, Mutação e Hellboy). Infelizmente, Del Toro não tem sido muito feliz nas escolhas dos seus projetos como produtor, o que o diga o horrendo Don’t be Afraid The Dark.

E mais uma vez Del Toro prova que a produção não é a sua praia. Infelizmente, o filme que prometia um conto de fadas assustador é apenas mais um exemplar desses filmes de monstros chatos jogados às pencas todos os anos nas locadoras. A começar pela história. Um pai, depois de matar a esposa, foge com as duas filhas e acaba sofrendo um acidente, e indo parar em uma cabana abandonada no meio da floresta. Ele acaba morte e as duas crianças, de 2 e 4 anos, ficam 5 anos ali, cuidadas por uma força sobrenatural, até serem resgatadas pelo tio (Nikolaj Coster-Waldau, o Jaime Lannister de Game of Thrones) e pela namorada deste, a rebelde Annabel (Jessica Chastain, de A Hora Mais Escura).


O grande problema é que esta premissa é cheia de buracos. Não sabemos a causa do assassinato da mãe das meninas, como elas sobreviveram comendo amoras ou o quanto inútil é o personagem de Nikolaj na história, além claro do estereotipado psicólogo quase-detetive que todo filme ruim de terror que se preze tem. Chastain até se esforça para interpretar a indiferente Annabel, mas a batida relação afetiva que ela acaba tendo com as crianças torna tudo muito forçado. Salvam o filme, as duas crianças interpretadas como gente grande por Megan Charpentier e Isabelle Nélisse. Nélisse tá ótima como a inocente Lilly e Charpentier como a atormentada Victoria. A direção é extremamente preguiçosa. Os planos são batidos e as sequências que deveriam ser de susto são sabotadas pela trilha sonora alta, um clichê de filmes que tentam assustar na marra.

O monstro é outra decepção. Uma mistura da fada dos dentes de Darkness Falls com a menina cabeluda de O Chamado, a Mama é um amontoado de clichês de terror. O final é bem decepcionante e anticlimático. Enfim, um filme que criou grande expectativa, mas se tornou um dos maiores fiascos da temporada.


quarta-feira, 10 de abril de 2013

Game of Thrones – Segunda Temporada




Primeiro, é importante esclarecer que nunca li qualquer livro da saga de R.R. Martin, então toda minha percepção é baseada unicamente na série de TV da HBO. Não, não acho que precisemos ler pra entender a história. São mídias independentes e devem ser tratadas como tal. E sim, justiça seja feita, a segunda temporada é muito melhor que a primeira. Tem mais movimentação, o enredo é melhor desenvolvido e os atores (não todos), estão mais à vontade nos papéis. E o canal manteve a qualidade de efeitos especiais, da fotografia e do design de produção. Além, claro, dos zumbis. Mesmo aparecendo apenas dois minutos, toda história fica mais legal com morto-vivos.


A história ganhou ritmo. Principalmente pelas mãos do patriarca dos Lannister, Tywin (Charles Dance, especialistas em fazer vilões fodões. Lembram dele em O Rapto do Menino Dourado?). E também por Stannis Baratheon (outro veterano Stephen Dillane). As melhores cenas e diálogos são deles. E claro, Tyrion Lannister. O anão já se concretizou como o melhor personagem da série e o único que eu lamentaria se morresse.

De resto, é aquilo que já sabemos que o autor faz: criar expectativas que não se concretizam. Com isso, nada de dragões (acho que a HBO tá economizando na grana), nada de inverno e nada de guerra. Aliás, esta aparece no final da temporada. Os outros personagens continuam naquela mesmice de sempre, outros são adicionados sem função na história (como a tal soldada Brienne e outros que me esforço para lembrar como Osha e Green, mas desisto de pensar quem sã eles). Tudo muito óbvio. A tal Daenerys vai demorar 18 temporadas pra atravessar o mar estreito e o Robb vai ficar enrolando seus soldados naquele acampamento, como um Kim Jong Um de capa e espada. E ainda tem o filho bastardo Jon Snow que ainda não disse a que veio, só andando na neve pra lá e pra cá com cara de choro e protegendo o amigo gordinho, que só vive fazendo gordices. Ed Stark teria se matado de desgosto se não tivesse perdido a cabeça.

E falando nos Starks, eles continuam a família mais burra de toda Westeros e quiçá da história das séries desde que inventaram a televisão. Ora, o maior trunfo de Robb é conseguir capturar Jaime Lannister e mantê-lo refém para negociar com a família. E o que mamãe Stark faz? Sim, solta-o depois de várias semanas, achando que este vai ajudar a libertar suas filhas reféns em Porto Real (hahahahha). E nem vou falar na tal Sansa, que não significa absolutamente nada na história. A salvação pode vir nos mais novos: Arya é a única sensata e inteligente da família. E os dois menores, Bran e o outro caçula que não sei o nome até que são esperto.





Enfim, continuarei a assistir a série sem as mesmas expectativas. Vamos ver onde vai dar. 

domingo, 7 de abril de 2013

Cargo

Para quem acha que as histórias de Zumbis estão esgotadas, aí está este curta sensacional provando que ainda é possível extrair boas idéias do gênero:


sábado, 6 de abril de 2013

Games Of Thrones – Primeira Temporada


Aviso: contém spoiler. Se você ainda não viu série, vá para outras postagem do blog e divirta-se :)


Depois de um longo e tenebroso inverno (trocadilho inevitável, desculpem), resolvi investir meu tempo destinado às séries à saga das famílias pela luta do poder em Westeros nesta primeira temporada de Games of Thrones (Guerra dos Tronos ou GOT, para os fãs mais xiitas). Pois bem, devo confessar que, ao mesmo tempo que achei elementos da série fantásticos, como o design de produção, a fotografia e os efeitos especiais, muitas coisas me incomodaram e me decepcionaram no andamento destes primeiros 10 episódios da série da HBO.

A primeira coisa que me incomodou foi a construção dos personagens. Tyrion Lannister (Peter Dinklage, excelente), é o único que merece a menção de ser bem elaborado. Dissimulado e manipulador, o anão rouba todas as suas cenas quando aparece. Outro bom personagem é o dono de bordel e conselheiro do rei, “Littlefinger” Baelish. E só. O resto é de uma unidimensionalidade de dar dó. A começar pelos dois que seriam os “protagonistas” da história: O conselheiro Eddard Stark e o rei Robert Baratheon disputam o troféu de “maior idiota do mundo das séries”.

Stark é tão tapado que dá vontade de invadir a TV e socar a cara dele pra ver se ele se esperta. Acho que nem o autor dos livros gostou dele e mandou tirar-lhe a cabeça. Não é possível que um soldado experiente como ele demore tanto a perceber a merda se formando em volta e ainda confessar que sabe toda a trama para seus inimigos (?!). Nem vilões de filmes B mais fazem isso!. Sem contar todo o papo furado de “manter a honra”, quando poderia trollar todo mundo e assumir o trono. Jà o rei, bem, prefiro nem explicar o motivo de alguém ver a família de cobras que criou e não tomar uma atitude. E, para piorar, tem uma das mortes mais ridículas da histórias das séries americanas.

E não para por ai: A relação entre Daenerys Targaryen e o Conan.. ops, Khal Drogo é sem sentido, os filhos de Stark puxaram sua burrice e o tal bastardo Jon Snow vive com uma cara de choro pior que a da Renee Zelweger. Confesso que fiquei esperando alguém tomar uma atitude de macho para botar ordem no galinheiro... mas, nada acontece. E tem tantos conselheiros na histórias que as vezes me confundi pensando se tratar do mesmo personagem. 


A história principal não ajuda. A disputa pelo poder entre as famílias “enquanto o inverno não chega” é chata e sem criatividade. Basta ver todos os filmes de capa e espada para ter a sensação de Deja Vú pesada: Traições x honra. A série quis soar West Wing e está conseguindo ser apenas um “Homens de Capas Desesperados”. E os plots deste primeiro arco só pioram: desde o ridículo sequestro do anão até a questão mal resolvida dos zumbis dos gelo, nada se resolve ou avança na série.

É claro que tem coisas boas. A principal: peitinhos pra todo lado. Como já é tradição, a HBO não economiza na nudez feminina. Acho que na hora de assinar contratos, as atrizes tem cotas de seios nus para mostrar estipulados. E, ainda bem, a escolha do elenco feminino é feliz.

Agora é esperar que a segunda temporada (com a promessa de guerras), melhore. Bora lá, HBO, você que já fez Treme, The Wire e The Sopranos, é melhor que isso.