“Nós devíamos estar em um museu”. A sentença proferida em tom sarcástico por um enrugado Schwarzenegger resume bem o clima de Os Mercenários 2. Por trás dessas palavras está a constatação de que tudo ali é uma grande brincadeira entre amigos. Amigos que escreveram a história do cinema de ação norte-americano e se reuniram para brindar o passado, dar boas risadas e faturar uma graninha com a nostalgia daqueles que cresceram vendo-os empunhar suas armas diante de um exército inteiro, trucidá-los e escapar quase sem nenhum arranhão.
E é uma grana bem gasta. O anfitrião Stallone e seus convidados dão exatamente o que o público espera: frases de efeito, explosões e muito quebra-pau. A trama é aquele lugar-comum da missão em um país distante, onde existe um ditador ou um grupo militar que dá as cartas, oprimindo os pacatos moradores, e que será combatido pelos nossos heróis. Algo bem diferente dos Bournes da vida, com seus roteiros intrincados e reviravoltas que instigam o espectador. A aposta aqui é na simplicidade, no básico e, por que não, no maniqueísmo que marcou a geração oitentista. Um exemplo? O nome do vilão é... Vilain. Sensacional.
Mas o diferencial é mesmo a reunião dos maiores astros do gênero na linha de frente da batalha. E nesse aspecto o primeiro longa-metragem pode ser considerado um teaser, já que trouxe Schwarzenegger, Stallone e Willis apenas batendo um papo. Aqui não. Vê-los lado a lado se protegendo da saraivada de tiros atrás de uma coluna é de empolgar, fazer vibrar todos que vivenciaram o auge do trio. Ainda mais com a constante referência a seus icônicos personagens em diálogos afiados com um bom humor contagiante.
Os demais atores também têm seus momentos para brilhar, principalmente Dolph Lundgren e Jason Statham. Além, é claro, de Van Damme, que percebeu a burrada que fez ao não aceitar participar do primeiro filme e deu o sim ao projeto. Ele mostrou estar muito bem, distribuindo voadoras nos mocinhos. Por falar nisso, além de “Retroceder nunca, render-se jamais”, o ator fez outro vilão por aí ou só mais esse? Não lembro. Pelo menos a cara de mau ficou mais convincente. As marcas do tempo ajudaram. Mas nada me tira da cabeça que ser o vilão foi o seu castigo pela birra anterior. Stallone não ia deixar ele ganhar a briga assim fácil.
Mas deixei o melhor para o final. Ele, o homem, o mito... Chuck Norris. A sala de cinema irrompeu em aplausos na entrada do ator em cena. O ingresso estava pago. Nunca havia assistido a nada dele na tela grande, mas jamais me esqueci das horas de divertimento nas inúmeras sessões do Domingo Maior e Corujões. Lembro até que meu irmão tinha algumas fitas VHS de filmes como Braddock e da série Texas Ranger, onde Norris pavimentava a sua lenda com uma sequência de roundhouse kicks a cada frame. Vê-lo, portanto, salvar o dia e, ao mesmo tempo, brincar com o Chuck Norris Facts, é simplesmente fantástico. Um sonho realizado.
Em alguns momentos da sessão, parecia um menino vendo seus ídolos e dando socos no ar, em uma luta imaginária. E sei que não fui o único a me sentir desse jeito. Assim como eu, várias pessoas já pensam em uma terceira parte do filme, com mais ícones da ação (só não inventem de colocar gente do MMA – Randy Couture já basta, é uma negação). Ainda faltam entrar na bagaça nomes como Kurt Russel e Steven Seagal. Ah se Charles Bronson estivesse vivo...
Um comentário:
O filme foi extremamente competente em sua proposta. Me diverti muito! Ingresso muito bem pago. Ter no mesmo take schwarzenegger, Stallone e Bruce Willis foi impagável. Aliás, esse take dá um excelente poster para guardar as memórias de toda uma geração, hein?
Chuck Norris Facts. Houve várias cogitações se seria usado no filme. Várias discussões se seria bem utilizado. E no fim, muito bem utilizado! Sensacional! Nunca ri tanto e aplaudi tanto em um filme de ação.
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