
Filme de Suspense dirigido por Martin Scorsese? É claro que não tinha como dar errado. Afinal, mestre Martin é um senhor supremo quando o assunto é o domínio imagético da estética do Cinema. E o cineasta entra em um terreno perigoso que é o suspense psicológico. Afinal, poucos conseguem estabelecer uma atmosfera decente para a história, como Stanley Kubrick em O Iluminado. A última vez que lembro de ter visto um bom suspense psicológico foi em Identidade, de James Mangold.
Mas Scorsa (permitam-em chamá-lo assim. É que são tantos filmes que já me sinto íntimo do sobrancelhudo) é assim. Se em outros casos, panorâmicas aceleradas, cortes abruptos e quebra de lente seriam erros imperdoáveis, neste especificamente, o nosso diretor sabe o que faz. Nada ali, durante toda a narrativa, sejam os diálogos, o cenário, a fotografia, montagem, elenco, é por acaso. Cada elemento em cena, cada mise-en-cene tem uma razão de ser.

Leonardo di Caprio e Mark Ruffalo são dois agentes federais enviados a uma ilha, na década de 1950, para investigar o desaparecimento de uma assassina que estava internada em um hospital psiquiátrico que há ali. Desde a chegada da dupla no rochedo, cada cena remonta a um quebra cabeça, desde a desconfiança dos soldados, os ferimentos do agente de Di Caprio até o furacão que se avizinha. E ali acontece de tudo, rebelião de presos, psicólogos fujões, diretor alemão (que reacende um trauma de guerra no policial), fósforos.

Em pequenas e marcantes participações, Elias Koteas Jackie Earle Haley e Patricia Clarkson, mudam o rumo da história, até desaguar em um final impactante. Aliás, a frase final do personagem Teddy, de Leonard, é brilhante e remete ao tormento e a remissão de pecados que atinge Jack Nicholson em O Iluminado e De Niro, em Taxi Driver. No fundo, Scorsese não está muito interessado em sustos fáceis e espíritos. Para ele, o verdadeiro terror está na mente humana.
Imperdível. Nota 10.
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