
Texto publicado originalmente no site do Diário do Pará: www.diariodopara.com.br
Lost não é sobre viagens do tempo, pesquisas científicas, religião. Mas, uma jornada de vários personagens na busca pela redenção. Pelo seu Walkabout. Todos movidos pelo sentimento de culpa, pessoas ambíguas e solitárias (mas quem não é?). Claro que o fato de todos estarem em um avião da Oceanic, vôo 815, que caiu em uma ilha não é irrelevante. Mas todas as transformações que se sucederam, estas sim, foram a mais importante.
Jack queria ser o pai. Kate, uma mulher livre. Sawyer queria ter um passado. Hurley uma vida sossegada. Sayid estava querendo esquecer o passado. Charlie não queria mais ser um viciado. Rose e Bernard só queriam mais tempo. Benjamim Linus, ser o líder. Richard queria envelhecer. Desmond só queria o amor de Penélope. Sun, o de Jin. Jin, o reconhecimento da esposa. Michael buscava o amor do filho, Walt. Claire queria ser uma boa mãe. E finalmente, Locke almejava o seu destino, que não envolvia uma cadeira de rodas.
As muitas histórias que formaram a complexa saga de Lost
De uma forma ou de outra, no final, eles encontraram a redenção. Mesmo que para isso, tivessem que ir ao passado, enfrentar monstros de fumaça, ursos polares, sair da ilha. Voltar para a ilha. Passar uma infinidade de mistérios. Aqueles que os fãs queriam respondidos. E que foram. É só procurar e olhar direito pelas seis temporadas e 114 episódios. Estátua egípcia, Eletromagnetismo, aparições de mortos, estações de comunicações subterrâneas e aquáticas, teletransporte. Tudo foi devidamente explicado e subentendido.
É claro que a série teve suas falhas. Personagens sem função (Nikki, Paulo, Ana Lúcia). Os episódios chatos da Kate. Aquele episódio das tatuagens de Jack. Em compensação, contou com momentos espetaculares. Basicamente todos os episódios de Benjamim Linus e John Locke. As mortes chocantes e inesperadas. A narrativa fragmentada em Flashbacks, Flashforwards e Flashsideways. Poucas produções inovaram tanto na maneira de contar a história.
>>Atenção! A partir de agora o texto possui spoilers (detalhes reveladores). Se você ainda não assistiu a serie, pode parar por aqui!
Aqueles que estão acostumados em acompanhar histórias bem explicadinhas, com manuais de como começa e como termina estão inconsoláveis com Lost. Como pode uma série cheia de mistérios, não fazer um último capítulo com aquelas explicações detalhadas?
E o final. Ah, o controverso final. A descoberta que aquela outra vida paralela, era na verdade após a morte, caiu literalmente como uma bomba na cabeça das pessoas. Todos se encontrando na igreja e finalmente “seguindo em frente”, não poderia ter sido melhor e mais poético.
“Te vejo em outra vida, Brotha”
Alguns sites brasileiros são especialistas em tirar dúvidas de Lost, como o Dude We Are Lost, Lost In Lost, Teorias Lost e o Ligados em Série. Quem quiser saber um pouco mais sobre a série é só pesquisar neles.
Texto: Fábio Nóvoa
Um comentário:
Descobri através de RT o seu twitter e consequentemente o seu blog. Gostei bastante dele, BTW e resolvi deixar um comentário. Bom, uma das coisas que mais me surpreenderam nesse final, não foi nem o o episódio em si mas a atitude dos verdadeiros fãs de Lost. Pensei, a princípio, que todos iam se decepcionar com The End, por não responder todas as perguntas suscitadas no decorrer dos 6anos, mas vi, que apesar dos mistérios terem sido intrigantes, fascinantes e divertidos, os fãs gostavam mesmo era dos personagens. Eles sim, nos cativaram! O ideal, a personalidade, a idiossincrasia de cada um foi, na verdade, o que nos fez amar tanto essa série. A incerteza, a pressão e o medo que os mistérios causavam neles fazia com que os mesmos mostrassem quem eles realmente eram. Pra mim, os produtores resumiram, em uma frase, o pq de terem decidido por um final mais focado nas pessoas do que nos mistério: "Every question I answer will just bring you to another question." Pronto, as respostas nunca iam ser suficientes ou boas o suficiente, mas a relação travada ente os personagens, sim. Eu, pelo menos, me senti aliviada em saber que todo aquele sofrimento não foi em vão, que eles conseguiram "usufruir" de tudo que eles fizeram que, mesmo sendo numa realidade post mortem, eles não morreram ou lutaram por nada. Deu um sensação de fairness. Eu sei que no fundo no fundo isso é o que todo mundo anseia, visto que o mundo em que vivemos é repleto de injustiças e tudo. Agora, eu particulamete, ao contrário da maioria dos fãs, nunca vi o Jacob como o representante do bem e o MIB como o do mal. Não é só pq o primeiro disse isso que eu acreditei. Os via como adversários e só, os dois manipulavam, os dois tinham os seus objetivos egoístas. Após Across The Sea, passei a simpatizar mais ainda com o MIB, não consegui vê-lo como um personagem mau e sim como um homem que ansiava pela independência, verdade, e liberdade. A personalidade indagadora dele me pareceu muito mais interessante que a do passivo Jacob. Eu já tinha, antes de The End, deixado claro que estava torcendo pelo MIB, mesmo que isso resultasse na morte dos meus personagens preferidos. Vou confessar que adoro finais infelizes, me parecem mais realistas e me fazem refletir mais. E munca fui muito fã dos casais de Lost, essa idéia de soul mates me parece ireal, forçada demais. Curto casais relatables (como a Annie Hall e o Alvy) e em Lost, o único casal assim e que por conta disso, me cativou, foi o Sawyer e a Juliet. Por tanto, o final cheio de casalzinhos não me agradou, mais entendi a proposta dos produtores. Eles tiveram experiências tão únicas e se sacrificaram tanto uns pelos outros (Live Together, Die Alone) que nenhum deles ia conseguir ter uma ligação tão forte assim com um outsider. Mas, ao contrário do que eu pensava, quando parei pra processar tudo, vi o quanto gostei do final, foi um final focado nas pessoas, suas relações interpessoais, suas emoções... nossa só do Jack ter feito as pazes com o pai dele, depois de tudo que o mesmo já o fez passar, fez valer todo o esforço, e luta. Lost com certeza foi inesquecível, nenhuma série foi tão ousada, desde a escolha do elenco até as formas de narrativas, quando a mesma e por isso vai ficar pra sempre na minha memória...
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