Star Trek – Sem Fronteiras (2016)
é o terceiro filme de uma nova franquia estabelecida com o selo da aventura
espacial iniciada em 2009. Naquele ano, JJ Abrams (diretor também do novo Star
Wars) conseguiu criar um sucesso de bilheteria com uma história cativante,
efeitos especiais de primeira e um elenco novo e carismático. A produção atual
é a melhor desse reinício. Primeiro, porque rompe com o cânone da série
original. Há personagens e motivações novas e isso é bom para atrair um público
mais jovem. Algumas decisões são polêmicas e acertadas (introdução ao debate
sobre homossexualismo, por exemplo).
O roteiro, escrito pelo ator
Simon Pegg (o engenheiro Montgomery Scott) flui bem e funciona ao dividir os
personagens em diversos núcleos de ação, dando função narrativa para a maioria
deles, dentro de suas características próprias. É um filme de equipe e como tal
todos são importantes em algum momento na história. Há muitas piadas e
referências divertidas, principalmente nos diálogos entre Spock e Mccoy. O uso
de Public Enemy e Beastie Boys na trilha é uma sacada divertida de Pegg.
Infelizmente as personagens
femininas perdem espaço do meio da película, principalmente a novata guerreira
alienígena Jaylah. Por outro lado, o ator Idris Elba cria um ótimo vilão e é
sempre uma presença marcante em cena. O clima é de nostalgia, com a trilha
sonora e elementos homenageando o elenco principal da mitologia, principalmente
Leonard Nimoy (o Dr. Spock original), falecido em 2015. Há ainda uma melancolia
indireta com a presença de Anton Yelchin, que interpreta o russo Chekov e que
teve uma morte trágica esse ano.
O problema está na direção de
Justin Lin (que era conhecido apenas por 3 continuações de Velozes e Furiosos).
Lin parece um discípulo de Michael Bay na hora de construir a tensão nas cenas
de ação. Montagem frenética, movimentos de câmeras confusos e maneirismos
estéticos (como tremores) exagerados deixam a experiência confusa. Há momentos
em que é impossível distinguir o que acontece nas cenas. O diretor precisaria pegar umas aulas com os
irmão Russo sobre como filmar movimento. Mesmo assim, Star Trek Sem Fronteiras
é uma experiência à altura dos seus antecessores. Vida longa e próspera à saga
nos cinemas, então.