segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Um novo começo


Star Trek – Sem Fronteiras (2016) é o terceiro filme de uma nova franquia estabelecida com o selo da aventura espacial iniciada em 2009. Naquele ano, JJ Abrams (diretor também do novo Star Wars) conseguiu criar um sucesso de bilheteria com uma história cativante, efeitos especiais de primeira e um elenco novo e carismático. A produção atual é a melhor desse reinício. Primeiro, porque rompe com o cânone da série original. Há personagens e motivações novas e isso é bom para atrair um público mais jovem. Algumas decisões são polêmicas e acertadas (introdução ao debate sobre homossexualismo, por exemplo).
O roteiro, escrito pelo ator Simon Pegg (o engenheiro Montgomery Scott) flui bem e funciona ao dividir os personagens em diversos núcleos de ação, dando função narrativa para a maioria deles, dentro de suas características próprias. É um filme de equipe e como tal todos são importantes em algum momento na história. Há muitas piadas e referências divertidas, principalmente nos diálogos entre Spock e Mccoy. O uso de Public Enemy e Beastie Boys na trilha é uma sacada divertida de Pegg.
Infelizmente as personagens femininas perdem espaço do meio da película, principalmente a novata guerreira alienígena Jaylah. Por outro lado, o ator Idris Elba cria um ótimo vilão e é sempre uma presença marcante em cena. O clima é de nostalgia, com a trilha sonora e elementos homenageando o elenco principal da mitologia, principalmente Leonard Nimoy (o Dr. Spock original), falecido em 2015. Há ainda uma melancolia indireta com a presença de Anton Yelchin, que interpreta o russo Chekov e que teve uma morte trágica esse ano.
O problema está na direção de Justin Lin (que era conhecido apenas por 3 continuações de Velozes e Furiosos). Lin parece um discípulo de Michael Bay na hora de construir a tensão nas cenas de ação. Montagem frenética, movimentos de câmeras confusos e maneirismos estéticos (como tremores) exagerados deixam a experiência confusa. Há momentos em que é impossível distinguir o que acontece nas cenas.  O diretor precisaria pegar umas aulas com os irmão Russo sobre como filmar movimento. Mesmo assim, Star Trek Sem Fronteiras é uma experiência à altura dos seus antecessores. Vida longa e próspera à saga nos cinemas, então.