segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Crying in the Rain Forest



Há alguns meses a mineradora Hydro/Alunorte anunciou um show exclusivo para funcionários da empresa com uma banda internacional em Barcarena. Desde o primeiro segundo dessa divulgação, a empresa foi alvo de lamentações e reclamações nas redes sociais. Isso por causa do grupo que faria o tal show: os noruegueses do A-ha. A mobilização foi tanta que a empresa acabou abrindo a apresentação para mais convidados, em Barcarena e Paragominas (nos dias 1º e 3 de outubro, respectivamente) e criou uma bem bolada campanha de doação de material escolar em troca de ingressos.
Foi o que bastou para o público paraense “invadir” as duas cidades no rastro da banda, que já estava no Brasil para o Rock in Rio. Em Barcarena, mais próximo da capital, eram centenas de carros chegando em comboio ao município desde as primeiras horas da tarde da última quinta-feira. Muitos aproveitaram para fazer um “pré-aquecimento” e começar a festa nos bares e restaurantes do lado de fora do local onde os músicos se apresentariam.
E tome carros com sons potentes tocando rocks nostálgicos, a trilha sonora perfeita para a imensa fila que se formou no entorno da entrada principal do Cabana Clube. Entrada, por sinal, muito bem organizada pelos produtores da festa. O show só comprovou o que já havia dito na coluna passada sobre o fascínio que os anos 80 exercem no público, e o A-ha carrega essa aura de sucesso e pertencimento ao período.
Às 20h em ponto, Morten Harket, Magne Furuholmen e Pål Waaktaar subiram ao palco, para o delírio do público presente. O tempo foi generoso com o trio e Harket ainda mantém a pose de galã típico dos anos de 1980. Depois de três décadas na estrada, eles mantêm um entrosamento visível e audível. E é claro que a banda não decepcionou os fãs, sejam aqueles que acompanham o trabalho deles ou os de ocasião.
O próprio tecladista, Magne, disse durante a apresentação que eles iam tocar músicas do disco novo e as antigas. Em cada uma delas, um tipo de empolgação, seja de curiosidade ou de nostalgia. Porém, a gritaria e agitação eram maiores, obviamente, com os grandes sucessos. “Cry Wolf”, “Stay on These Roads”, You Are the One”, “Crying in the Rain”, “Hunting High and Low”. Uma sequência de hits de rádio para ninguém botar defeito.
O grupo voltou para dois bis. No primeiro, “The Sun Always Shine on TV” teve imagens de Barcarena projetadas nos telões ao fundo. Já em “The Living Daylights” (da trilha sonora de abertura do filme 007 – Marcado para a Morte), a energia era contagiante. O refrão fez as milhares de pessoas que ocupavam o campo de futebol do clube pularem bastante.
Morten e Cia agradeceram o público e sairam do palco. Mas faltava algo. Claro, “Take on Me”. Propositalmente, eles mantiveram o suspense até o final. A canção símbolo da era dos videoclipes foi cantada em coro por quase todos. Mesmo quem não entendia nada de inglês. Para quem encarou a estrada por várias horas para ir e voltar, isso pouco importava.